As emoções também envelhecem?

É difícil falar deste tema porque muitos apenas abordam o tema envelhecimento como um todo, envelhecimento do corpo, aparecimento das rugas, flacidez da pele, enfraquecimento da visão, branqueamento dos cabelos, perda ou falhas de memória, aparecimento das fragilidades ósseas dentre outros.

Procuramos médicos, vamos ao oculista, fazemos exames rotineiros cuidando do físico, mais quando será que precisamos também nos preocupar com nosso envelhecimento emocional?

Reconhecemos quase todos os sinais de envelhecimento físico de um ser humano, mas e os sinais do envelhecimento emocional? Como podemos reconhece-los e o que podemos fazer para assim como no físico o emocional também esteja preservado ou ao menos preparado para enfrentar o envelhecimento?

O ser humano caminha em suas fases de vida. Na primeira infância o bebê pode expressar se emocionalmente através do choro, do sono tranquilo e de algumas expressões faciais o que para ele são ainda as únicas expressões possíveis tanto de desagrado como de acomodação.

Na idade infantil em que a criança já consegue se expressar, ela chora, faz pirraça, sorri alegremente e também consegue balbuciar algumas palavras expressando seus sentimentos emocionais.

Na infância e pré adolescência a criança começa a reconhecer o medo, a raiva, a alegria e a tristeza como emoções básicas e através deste novo aprendizado ela conseguira se expressar até a finitude.

Somente na idade adulta é que conseguimos verdadeiramente controlar estas emoções fazendo com que nossas expressões emocionais sejam monitoradas durante os anos em que vivemos.

Quando estamos então na idade madura, começamos a ser percebidos como alguém que sempre precisa estar frustrado, com pensamentos negativos ou então pensamentos solitários. Isto pode ser verdade?

Claro que não, não é porque estamos na idade madura é que precisamos não ter controle sobre nossas emoções.

É assim que necessariamente deveria ser, porém nem sempre isso acontece porque infelizmente o envelhecimento em nossa cultura ainda é algo que fere, que ultrapassa a capacidade produtiva do ser deixando o mesmo em uma margem familiar e social.

É sabido que fatores biológicos são inerentes na idade madura como exposto em um parágrafo acima. Fomos preparados para esta fase da vida, mas, muitos não conseguem se perceberem “velhos” quando os primeiros sinais começam a aparecer e então o estado emocional se abala surgindo os primeiros transtornos psicológicos ligados ao envelhecimento.

Um dos fatores mais conhecidos deste processo de negação é o medo, o medo de envelhecer dominante faz com que aquele que não aceita naturalmente suas características busquem incessantemente processos de retardamento desta fase, alguns se tornam escravos de procedimentos estéticos e cirurgias plásticas chegando inclusive na modificação de suas características físicas em prol de uma aparecia mais jovem.

Em uma outra fase após o medo vem a insatisfação, gerando então a depressão que naturalmente levará a problemas físicos ainda mais graves.

É necessário compreendermos que a saúde emocional é um processo que assim como a saúde física precisa ser cuidada desde a infância, precisamos entender que todo ser vivo vivencia diariamente emoções de várias dimensões.

Temos medo, sentimos dor, nos alegramos com fortes sensações, entramos em um estado de tristeza profunda, choramos de angusta, choramos também de alegria. Todo nosso percurso de vida é assim, não há aquele que passe por esta caminhada chamada vida que não viva em cada dia emoções diferentes, não há um dia sem elas, desta forma porque não nos preocuparmos em cuidar deste bem tão precioso em nós chamado emoção?

Não será muito mais simples entender que se conseguirmos envelhecer equilibrados em nossas emoções consequentemente teremos uma vida emocional muito mais saudável?

O fato de sermos ou estarmos em uma fase madura não necessariamente necessitamos ser tristes, concordam?

Evidentemente que não precisamos ser também obrigatoriamente todo tempo espalhafatosos, mas mantermos este equilíbrio entre os dois polos principais das nossas emoções é claramente o sinônimo de que nossas emoções não envelheceram.

Não tem como termos uma receita como as receitinhas de nossas avós que nos vão fazer envelhecer com uma boa saúde emocional, isto é algo quase impossível porque somos seres unos e nossa subjetividade é predominante desde nosso nascimento, porém há sim como nos precavermos de algumas situações, de criarmos condições para que em nossos dias os problemas que forem surgindo, as alegrias que formos experimentando nos façam cada dia mais preparados e conscientes de que há sempre um dia após o outro.

Uma boa ideia é nos mantermos sempre ocupados, ter algo sempre para fazer principalmente depois de uma longa vida laboral, a ociosidade se torna uma grande inimiga das emoções.

Faça algo que goste, busque no presente algo novo ou abra o baú das lembranças e recomece aquilo que você gostava de fazer, um crochê, uma marcenaria, um bom livro, quem sabe uma atividade física.  Cuidar do corpo é essencial, lembram se daquela máxima? – “Mens sana in corpore sano” (uma mente sã em um corpo são), movimente-se faça qualquer coisa que lhe dê prazer, isto ocupará seu tempo e lhe trará grandes emoções.

Se você ainda pode viajar, viaje, conheça lugares e pessoas novas, fazer novas amizades, conhecer novas culturas é um bom caminho para a felicidade e felicidade é também o caminho da saúde emocional.

Se ainda pode sair, saia para jantar, saia para almoços de domingo, saia para uma noite com as (os) amigas(os), saia para dançar ou apenas para observar, saia de casa e se você não pode por alguma razão sair, receba, chame seus amigos e amigas para momentos de alegria a companhia de pessoas “fora do ninho” faz um bem enorme e tem o poder de controlar nossas emoções.

Ria, ria de tudo, busque a rizada espontânea, não se prive de dar boas gargalhadas sozinha(o) se caso for, mas ria, a rizada é alegria e alegria faz bem.

Cante, cante num caraoquê, cante com ou para as (os) amigas,(os) cante sozinha, cante no chuveiro, afinal, quem canta seus males espantam não é verdade?

Apaixone-se, apaixone-se por você mesma ou por alguém, apaixone-se novamente pelo seu companheiro (a) de longa datas, apaixone-se por um animalzinho, apaixone-se por alguma coisa, por algum lugar se caso for, mais apaixone-se porque coração em festa faz festa para as emoções saudáveis.

Aquele que consegue criar rotinas agradáveis nos seus dias, aquele que tem o coração em festa, o friozinho na barriga, aquele que sabe o que vai fazer quando desperta pela manhã ou que apenas sabe que nada quer fazer naquele dia, aquele que consegue ler, sentir suas emoções conseguira facilmente encontrar também seu equilíbrio emocional não permitindo que suas emoções envelheçam. 

E se um dia quando as coisas parecerem difíceis de se controlar, não se desesperem, tudo passa, há um dia após o outro justamente para que possamos nos organizar emocionalmente e se mesmo assim estiver difícil procure ajuda, não tenham medo de procurar ajuda de um profissional da psicologia, hoje há os psicogerontólogos que são psicólogos especializados em cuidar da nossa geração, eles estão capacitados com técnicas adequadas que nos vão fazer restabelecer nosso equilíbrio e novamente nos encontrarmos em um estado de bem viver diferenciado.

Contar com o apoio destes profissionais, ter amizades, amores rotinas, prazer em viver, aceitação de suas condições físicas, cuidar-se tanto fisicamente quanto emocionalmente é a chave certa do equilíbrio emocional e então assim poderemos dizer que:

– Sim somos velhos, sim, somos da terceira, da quarta, somos maiores, somos e temos tantos rótulos, com orgulho, porém somos seres que amadurecidos conseguimos ser diferentes e permanentemente jovens de emoções.

Assim nossas emoções não vão envelhecer.

Pense nisso.

Gilwanya Ferreira

CRP 04/42417

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