Idadismo

Termo pouco conhecido o idadismo é uma expressão que foi traduzida do inglês ageism, que significa preconceito de idade.

A revista CRP (Conselho Regional de Psicologia) trouxe a tona na última edição o atendimento psicológico voltado no bem estar e no enfrentamento ao idadismo, fato que me chamou atenção uma vez que meus atendimentos prioritários são voltados às pessoas idosas.

Então por que não trazer este tema aqui para que todos vocês possam conhecer e entender o que é o idadismo e quais são suas consequências e como podemos combater este mal tão peculiar e tão significativo.

O idadismo é uma forma de preconceito, uma forma de discriminação baseado na idade do sujeito, tanto o novo quanto o idoso porém, quanto mais velho estiver maior serão esta forma de agressão.

O idadismo dá-se nas diversas formas sociais e podem causar as mais variáveis causas de adoecimento tanto físico quanto psicológico.

Segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde, o idadismo tem três variáveis:

Estereótipo (pensamento)

Preconceito (sentimentos)

Discriminação (ação e comportamento)

E de acordo com estudos realizados pela Global Report  on Ageism, o idadismo tem três níveis de manifestações que são:

Institucional, Interpessoal e Autodirigido. Tendo como base dois tipos de representatividade, a explicita, que é a consciente e a implícita a que ocorre de forma inconsciente.

Por ser ainda um termo pouco conhecido muitos de nós não conseguimos distinguir o que possa ser exatamente o idadismo e por esta razão não temos condições de avaliar que possa ser realmente um estado de preconceito ou apenas mais “um cuidado quando se está idoso”.

Quando se alcança uma determinada idade, infelizmente na realidade brasileira, que não foge de outros países, o idoso enfrenta muitos preconceitos, eles não conseguem mais se ingressarem no mercado de trabalho, não conseguem opinar em certos assuntos, não conseguem administrar suas próprias vidas e seus bens, não participam da vida social, dentre outros enfrentamentos. Tudo isto implica-se na discriminação quanto a faixa etária do sujeito.

Quando pensamos por exemplo no que diz respeito à vida laboral, quantos idosos trabalharam uma vida inteira em determinado ramo adquirindo experiência e por que não excelência naquilo que faziam, muitos acompanharam o desenvolvimento tecnológico e se prestaram à reciclagens periódicas enquanto ativos e de repente, vem a aposentadoria ou por alguma razão o afastamento do mercado de trabalho ( ainda jovem para a aposentadoria) e quando este está novamente apto à retomada laboral o preconceito bate à sua porta e a maioria não consegue retomar suas atividades anteriores mesmo que haja vagas suficientemente qualificadas para seu perfil.

Isto se deve à discriminação do idadismo (que aqui estamos apenas nos referindo à idosos, mas também pode se encaixar na idade tenra onde o indivíduo tenha pouca ou nenhuma experiencia).

Quando se trata da vida social do idoso, este também enfrenta grandes dificuldades geradas por estereótipos da cultura que se vive.

Exemplo simples de ser citado é a questão da “fragilidade”, um idoso não consegue fazer, executar certas tarefas por ter idade avançada, por ser considerado fragilmente afetado quanto aos seus movimentos tanto físicos quanto psicológicos.

Privando o sujeito em questão de práticas sociais (por entender que seja prejudicial) familiares, amigos, cuidadores estão lhe tirando a possibilidade de que ele tenha sua individualidade, sua liberdade de ação enquanto ainda consciente de sua capacidade.

Esta atitude também pode ser considerada como idadismo e vale lembrar que cada indivíduo tem sua subjetividade e, portanto, sua capacidade peculiar de desenvolver atividades pessoais de acordo com seus hábitos adquiridos ou adaptados.

Quando falamos em preconceitos quanto à idade, falamos deste termo idadismo, abrangemos como dito anteriormente vários seguimentos e um também em destaque é o habitacional, o que dizemos “a casa onde moro ou posso morar”

Infelizmente esta é uma realidade mundial, idosos que não possuem casa própria ou vivem em um imóvel alugado a mais anos não conseguem adquirir moradia própria ou renovação ou até mesmo novo contrato por não conseguirem financiamento bancário ou mesmo responsabilizarem se por assinaturas de contratos de locação por terem idade avançada e quando conseguem, conseguem com valores bem mais baixos pelo “risco” da idade avançada e então posso afirmar que isto também é  mais uma forma representativa de idadismo.

Também existem preconceitos quanto à educação, idosos que se encontram numa faixa etária acima de 70 anos representam apenas 21,5% que participaram de algum programa de educação em algum momento de suas vidas, portanto retornar aos estudos quando se tem “mais idade” se torna algo quase impossível devido à tantas barreiras encontradas ao longo desta busca.

O idadismo também pode afetar no que dizemos de isolamento social, mesmo com tantos programas hoje implantados voltados ao bem estar do idoso, aquele que por alguma razão não consegue se engajar acaba por se isolarem socialmente, acabando a vida social acaba os convites e estes não chegam mais porque “levar, convidar” um idoso requer maior atenção, mais cuidado e um ambiente apropriado à suas condições, fato este que acaba por ser excluído pelas dificuldades também encontradas.

Isolando-se o idoso é diretamente afetado psicologicamente pois o mesmo passa a viver uma vida reclusa sem oportunidades de convivência o que o afetará na sua saúde física e também aceleramento do processo de atrofia dos movimentos, problemas cardíacos, diabetes, dentre outras o que consequentemente a todos estes problemas o idoso pode desenvolver um estado de ansiedade, de depressão e que também afetar sua capacidade cognitiva.

O idadismo também tem um segmento de preconceito que é relacionado à sexualidade. Por consequência à estereótipos já impregnados na sociedade cultural idosos tem grandes dificuldades de expressar sua sexualidade principalmente mulheres por ser alvo de discriminação e vulgarização o que pode levar o idoso (a idosa) inclusive a se resguardar a falas, discussões até mesmo com seus médicos por medo de serem discriminados.

Como estamos vendo o idadismo afeta, envolve vários segmentos e outro muito preocupante é a violência, idosos por serem vistos como pessoas mais frágeis correm maiores riscos de violências em qualquer segmento.

Conhecendo todo este processo do idadismo precisamos nos alertar quanto à mudança de comportamento social para com nossos idosos.

Evitar esta violência, instruir nossas crianças e jovens quanto ao respeito, a consideração e à credibilidade poderá com o passar do tempo fazer toda diferença para que possamos viver em uma sociedade igualitária sem riscos e sem estereótipos.

Neste texto como foi observado o idadismo está voltado ao idoso, porém como mencionado acima ele, o idadismo também é algo que afeta às pessoas jovens e todo este preconceito precisa ser mudado com urgência porque a sociedade em um todo necessita de mudanças.

É preciso mudar, criar possibilidades de igualdade e principalmente de igualdade, pois só assim conseguiremos viver uma sociedade empática e totalmente fortalecida.

Pense nisto

Gilwanya Ferreira Gonçalves

CRP 04/42417

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