Chegou um novo alguém, mas “ela” ainda está tão presente

Eu queria escrever algo teórico sobre o tema, mas não consegui, juro que tentei, até me esforcei, mas, não há como falar de sentimentos baseados em teorias, em livros. Não dá.

Eu queria escrever algo romântico, lindo, que pudesse fazer as pessoas que lessem estas linhas derramassem nem que fosse uma lágrima, ou no mínimo ficassem engasgados, não é por aí, então resolvi fuxicar nos filmes, assisti alguns e um em especial me chamou atenção e me levou também à uma reflexão.

“Uma carta de amor” tão lindo que conta a história de um casal perfeitamente felizes que haviam vivido plenamente cada minuto dos dias que a vida os presenteou até que um dia, ela partiu, algo inexplicável “a leva embora desta vida” deixando aqui, ele, o seu grande amor.

Choros, desesperos, desesperanças, desilusões, revolta, medo, vazio, um furacão de sentimentos invadia aquele coração que até então parecia tão forte.

Lágrimas, caminhadas sem rumo, destinos incertos…e todos os dias ele a buscava nas lembranças que ficaram para trás.

A casa intactamente igual, os móveis impecavelmente alinhados exatamente como ela haviam deixado, as cortinas, a rotina.

Parecia que assim permanecendo “ela estaria sempre ali” a qualquer hora ela poderia chegar…

Os dias passavam rápido e ela não voltou, mas as lembranças ali estavam como para dizer: “Eu estarei sempre aqui”.

Até que um dia um novo alguém apareceu.

“Uma mulher atraente, charmosa, inteligente, complexa em sua plenitude e única em sua postura tão feminina.

Ela chegou sorrateira desejando o mesmo que eu, mas eu ainda estava tão distante…

A convidei para um passeio, tudo parecia muito bom, mas, as lembranças ainda estavam em mim.

Dia a dia fomos nos descobrindo e de repente “estávamos juntos”. De alguma forma aquela mulher entrou em minha vida e eu ainda não me dava conta desta revolução dentro de mim…

Eu havia saído para caminhar e como em um passe de mágica o olhar de Cássia nos meus olhos se pousou, mesmo que eu não estivesse pronto para o recomeçar eu não pude deixar de observa-la, tudo naquele instante se modificou, parecia que o mundo havia parado e eu quis conversar com aquela mulher.

Ficamos algum tempo e este mesmo tempo foi me aproximando ainda mais dela.

Tínhamos muito em comum, nossa conversa fluía e pouco a pouco eu pude perceber que aquela mulher não podia ser passageira, eu percebi que havia muitas afinidades…

Viajamos juntos, nosso sono parecia embalado pela leveza do ar, nosso modo de vida, nossos olhares, tudo, tudo perfeitamente normal e ao mesmo tempo tão anormal, porque eu não estava inteiro, apenas um pedaço de mim estava ali, outro pedaço ainda estava nas lembranças de um passado tão perfeitamente lindo…

Os encontros com Cássia se tornavam a cada dia mais e mais frequentes,

Eu não tinha interesse em um outro relacionamento, e Cássia apareceu, eu não queria perder aquela mulher, mas as lembranças do passado eram mais fortes que eu. Como eu poderia agir diante do novo se o passado ainda estava tão presente em minha vida?”

Escrevendo um pouco do que senti ao assistir o filme eu posso dizer:

Recomeçar para o homem que é viúvo ao olhar de todos parece algo normal, até que é, mas segundo especialistas no tema homens passam pela fase do luto de formas diferentes, eles tentam guardar as lembranças, manter a casa intacta, as roupas ainda no roupeiro, a ordem das coisas como sempre ela manteve. Posso dizer que alguns agem assim por comodismo e outros por medo, medo de que reorganizando as lembranças possam também morrer.

Ambos sofrem é normal e está intensidade é subjetiva de cada um o que precisamos é compreender e ajudar se necessário for.

É mais comum as lembranças de um passado feliz perdurarem no homem, principalmente aquele que de certa forma era alguém único na vida dela.

Ao recomeçar um novo relacionamento este viúvo tende a “substituir” a ex – companheira de uma forma gradativa e ainda é mais comum tentar preservar as lembranças positivas, felizes daquele passado neste novo romance e na tentativa de uma “identificação” tão peculiar do casal que eram no passado fazer “sofrer” o novo casal que se forma no presente.

Posso afirmar que com as mulheres viúvas estas situações não diferem tanto.

Manter acessa as lembranças é algo comum, falar com carinho daquilo que viveram juntos inclusive pode ajudar a amenizar o luto vivido.

É normal este carinho de ambas as partes, tanto o viúvo quanto a viúva precisam de alguma forma pouco a pouco se desfazerem dos laços que os uniram a outra pessoa no passado e certas lembranças podem favorecer positivamente este desenlace o que não pode acontecer é entrar em um novo relacionamento permitindo que estas mesmas lembranças pesem mais do que o que estão construindo no presente.

É necessário bom senso, entender que esta nova pessoa que entra na vida veio para enriquecer, para fortalecer a vida que está sendo vivida no presente e principalmente se esta pessoa não “carrega” lembranças do passado, ponderar estas lembranças quando estiverem juntos é o melhor a se fazer.

Não manter as fotos da, do ex (falecida(o)) no porta retratos na sala não significará que você deixou de ama-la (lo), apenas simbolizará e sinalizará o respeito para com a (o) nova (o) companheira (o).

Tente guardar estas lembranças, fotos, objetos pessoais, álbuns etc. em uma gaveta, mostre à (ao) sua (seu) companheira (o) que você amou sua (seu) ex. mas ela (ele) está no passado e quem hoje faz o presente são vocês dois.

Fazer novas amizades, compartilhar as amizades da nova parceria, viajarem juntos, mudar os móveis de lugar ou até mesmo comprar novos, deixará sua vida mais leve ao recomeçar.

Os velhos amigos do antigo casal podem ajudar muito, mas é importante lembrar que temas do passado em um presente podem não serem agradáveis à aquela (e) que está chegando agora, quando não houver mesmo condições de não falar do tema, tente ser sutil e delicado (a) pois agindo assim deixará sua (seu) nova (o) companheira (o) mais à vontade.

O (a) viúvo (a) construiu uma vida no passado, não há como desvincular-se dela, mas tentar de alguma forma inserir o mais que puder sua (seu) nova (o) companheira (o), se ela (e) desejar, à vida dos demais fará transparecer que você a (o) quer por inteiro e que você também está inteiro (a) fortalecendo ainda mais este novo sentimento.

A vida presente daquele (a) que enviuvou por mais que tenha sido maravilhosamente perfeita precisa novamente pulsar e recomeçar não precisa significar esquecimento, precisa apenas ponderacia, equilíbrio e sensatez, resiliência no entender que a chegada de uma outra pessoa pode ser um novo incentivo a novos projetos, à novos investimentos, novos sonhos e novos objetos.

Viver é reinventar-se, viver a dois é reinventar – se duplamente a cada manhã.

Pense nisso

Gilwanya Ferreira

CRP 04/ 42417

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