Quando falamos da sexualidade relacionada ao envelhecimento estaremos falando também de mitos e estereótipos que remetem o idoso a um ser assexuado e consequentemente estaremos falando de Tabus.
Quando falamos das mulheres e sua sexualidade estamos falando em um mundo de preconceitos que pouco a pouco vem sendo quebrado.
Falar da sexualidade feminina na atualidade envolve uma história de luta e de mudanças comportamentais que aconteceram logo após a invenção da pílula anticoncepcional.
Mulheres que apenas eram “usadas” para fins reprodutivos e para o prazer exclusivo do homem começaram ocupar espaços também no que diz respeito a seu próprio prazer e ao direito da reprodução quando elas se sentissem preparadas para tal e não apenas para atender aos apelos masculinos.
Uma grande mudança sim, mas que ainda naquela época eram registrados vários relatos que culminavam em preconceito e à discriminação até mesmo por parte de profissionais que lidavam nesta área quanto mais em se tratando de mulheres.
Entender que a sexualidade não está diretamente relacionada somente ao ato sexual é ainda tema de muitas dúvidas principalmente entre as mulheres que hoje com mais de 60 anos foram criadas para serem mães, mulheres que eram “fabricadas” para dar prazer e eram proibidas de sentir por isso, muitas não conhecem ou não conheciam o jogo da sedução, as carícias preliminares, a troca de olhares dentre outras formas de expressão de sua sexualidade.
Sexo e sexualidade parece ser a mesma coisa, porém sabemos que não é. Sexualidade é tudo aquilo que representa o conjunto de comportamentos que concernem à satisfação da necessidade e do desejo sexual. O olhar, o toque, o preparar de uma noite especial, o encontro das mãos, a preocupação com o cheiro, o sorriso dentre tantos, já o sexo além da fundamental diferenciação entre os seres, masculino e feminino, também pode ser denominado como o ato, o coito por si próprio.
O ser humano passa por muitas modificações, seu corpo com o decorrer do tempo passará a perceber várias limitações físicas e muitas mudanças estéticas o que pode ser para a mulher ainda mais preocupante, pois elas passam a se sentirem menos atraentes, menos sedutoras e consequentemente menos sensuais fato que para muitas acarreta a perda da libido e a grande dificuldade de expressar sua sexualidade.
Na atualidade muitos tabus estão sendo vencidos e com a naturalidade que hoje estão sendo aceitos os novos relacionamentos após as separações por divorcio ou mesmo por viuvez a mulher que tem entre 50, 60 anos ou mais pode sem medo de serem julgadas buscar um novo relacionamento que vai completar suas buscas afetivas tanto sexuais quanto emocionais.
Viver novas experiências após a madures da vida está se tornando algo muito comum inclusive instituições de longa permanência que se preocupam com a saúde mental de seus utentes têm o cuidado de não proibir qualquer tipo de aproximação física entre casais que se conhecem ali, pois contrariamente do que se pensa ser idosos não significa não ter mais desejo de sentir carinho, de ter um beijo do sexo oposto, de se sentir desejada e até mesmo praticar o sexo dentro de suas possibilidades.
As mulheres que hoje têm entre 50, 60 anos são mais esclarecidas, muitas delas vivem no mundo da globalização, conectam-se às redes sociais, saem para viajar, praticam esportes, dançam e muitas mantêm um relacionamento fixo ou até mesmo uma “amizade colorida” porque sabem que a sexualidade também remete vida e desejo de viver melhor.
Quando se tem alguém que se ama o desejo de manter-se sempre saudável é inevitável e consequentemente esta alegria de viver e a conscientização deste bem estar trará bons resultados no envelhecimento orgânico destas mulheres.
Ginecologistas, gerontólogos, geriatras, psicogerontólogos são alguns dos profissionais que ajudam a esclarecer as dúvidas a partir dos 40 anos e hoje em dia a maioria das mulheres buscam algum tipo de ajuda para que possam manter-se sempre saudáveis tanto física quanto mentalmente.
Não é incomum encontrar mulheres com 50,60 anos ou mais acompanhadas de seus parceiros sejam eles parceiros de longas datas ou recentes, elas querem ser participativas e no que diz respeito a sua sexualidade e a maioria delas sabem exatamente do que se trata, elas conhecem bem a diferença e usam destes artifícios para manterem a chama do amor sempre acesa.
No jogo da sedução entre um casal maduro não há necessidade de competição, ambos necessitam primeiramente conhecerem-se. Conhecer seus desejos, conhecer seus corpos e o que eles podem dizer em determinadas horas.
Saber quais as reações vai dar maior prazer e quais são os momentos mais satisfatórios é de suma importância na intimidade porque assim se conhecendo tanto o homem quanto a mulher não precisam se preocupar com a “performance”, eles simplesmente precisam ser atenciosos, gentis, amorosos e por que não sedutores, praticantes de suas sexualidades para que o prazer chegue, seja ele de que forma chegar.
A percepção e a vivência das mulheres maduras sobre suas sexualidades são importantíssimas para o bom relacionamento do casal até porque devido a algumas culturas o homem não é “alguém” que conheça tanto sua sexualidade ele é um ser mais “racional”, ele busca sua satisfação no gozo, no ato em si, já as mulheres necessitam muito mais, elas são mais amorosas, precisam mais de carinho, do que de sexo e conhecendo bem sua sexualidade ela pode “mudar o jogo” a seu favor, conduzir seu parceiro para o prazer incomparável que a sexualidade pode causar.
Sexualidade e sexo podem andar juntos quando compreendidos e praticados com sabedoria. Manter uma vida sexual ativa até sempre não é incomum, principalmente quando falamos de século XXI, onde a tecnologia e o desenvolvimento de novos recursos são maiores e trazem maior longevidade para os seres humanos.
Mulheres que a partir da menopausa eram consideradas mulheres totalmente assexuadas pelo fato de não terem mais o “poder” da reprodução hoje são vistas como mulheres sensuais e ativas, participativas e principalmente “donas de seus lugares no mundo”.
Elas a cada dia que passa querem mais e mais conhecimento no que diz respeito a tudo aquilo que acontece com seus corpos, elas sabem minuciosamente como funcionam cada milímetro de seus órgãos tanto externos quanto internos, elas claramente sabem definir suas emoções e seus sentimentos, elas conseguem no toque das mãos e na troca de olhares o dizer e o ouvir, elas querem, elas querem muito mais porque elas aprenderam sentir.
As mulheres maduras hoje são mulheres belas, elas se valorizam por aquilo que são e não como estão. Elas aprenderam que se valorizando e principalmente se conhecendo melhor elas poderão praticar sua sexualidade tranquilamente, sem medos e sem preconceitos.
Elas mantêm acesa a chama da vida, a chama do amar e do ser amada. Elas querem viver, participar e principalmente serem respeitadas como mulheres que são não pelo que podem ser quando são desejadas por um homem.
Elas sabem e podem ensinar que a valorização da sexualidade na idade madura pode fazer toda diferença porque mesmo mantendo o sexo ativo a intimidade entre o casal só será plena quando existir o expressar da sexualidade.
Pense nisso
Gilwanya Ferreira
CRP 04/42417