Desconstruir

Desde nossa infância construímos conceitos e hábitos que vão ao longo de nossas vidas se calcificando, faz parte da vida de cada um de nós o aprendizado e este obviamente vem de nossos pais ou daqueles que são responsáveis pela nossa educação.

Encontrar o caminho mais leve para caminhar pelas estradas da vida é uma decisão única e depende também unicamente de cada um de nós.

De nada adianta “seguir estradas” que já foram percorridas por outras pessoas, nossos pais, nossos avós, tios, amigos etc., é necessário construir nossas próprias estradas e para que isso aconteça muitas das vezes somos obrigados a mudar a rota de nossas vidas.

Desconstruir é desmanchar, é derrubar, é jogar por terra alguns aprendizados do passado para construir um novo conceito de vida.

Entendo que muitos de nós quando chegamos à idade adulta carregamos crenças, verdades, comportamentos, conceitos que nos foram impostos pela educação que recebemos e muitas delas sem sombra de dúvidas com as melhores das intenções, porém sabemos que nem sempre “esta educação” tão esmeramente doada por aqueles que nos amam (amaram) nos dias atuais são aquelas que podemos dizer serem as mais adequadas.

O mundo mudou, os conceitos se transformaram e a mentalidade humana acompanhou esta evolução e como um dos exemplo  posso citar os relacionamentos, como eles mudaram desde a época de nossos avós (quem hoje tem mais de 45 anos), a comparação entre o comportamento de um homem e uma mulher, as formas modernas de um casamento, namoro, casos dentre outras maneiras de se relacionar.

Posso garantir que quem está hoje na idade madura passa ou passou por diversas situações em que foi preciso “mudar a rota” para “seguir a estrada” com mais segurança de seus atos e escolhas, para tal foi preciso desconstruir aqueles conceitos que estavam enraizados para encontrar maior benefício na opção que fez. Isto é reconstruir.

Para toda mudança é preciso um esforço, e mesmo quando temos um pouco mais de idade este esforço com certeza será recompensado. Nada se conquista sem que tenhamos que em algum ponto mudar, derrubar, desmanchar para reconstruir.

A atualidade pede mudanças, claro que a raiz de nossa educação precisa ser preservada, nosso caráter, nossa honestidade, nosso censo de responsabilidade dentre outros, mas existem coisas que somos quase que obrigados a desconstruir para construir novos hábitos.

Nossas avós, nossas mães, as mulheres em um todo, por exemplo, eram aquelas que nasceram para serem “donas de casa” para serem mães, parideiras, aquelas que na intimidade não podiam se manifestar de forma alguma, elas “recebiam” seus parceiros como “obrigação de servi-lo” e com a possível expectativa de uma nova gestação.

Os meninos eram educados normalmente pelos pais e as meninas pelas mães. Os pais ensinavam seus meninos que existia uma diferença enorme entre as mulheres, umas eram para casar e outras para “aproveitar”.

Eles também aprendiam que a masturbação era algo necessário e que as mulheres nomeadas prostitutas eram aquelas que iriam dar prazer e que ali o sexo era algo que se fazia para “descarregar energias”, portanto se pagava para tal e consequentemente precisava ser “rápido”. (conceito enraizado).

As meninas aprendiam que quando consumado seu casamento elas não podiam “sentir nada”, não podiam se manifestar no que diz respeito ao seu prazer, “mulheres “direitas” não podiam sentir prazer”, não podiam falar do tema, deveriam “ajudar” seus parceiros quando fosse necessário “descarregar energias” (masturbando-os), deveriam estar “sempre prontas” limpas para recebê-los dentre outras “obrigações matrimoniais exigidas”. (conceito enraizado).

Outra construção era aquela em que quando se passava dos 50, 60 anos as mulheres se tornavam assexuadas, elas eram “alguém sem sexo” seus parceiros já não as procuravam e quando os mesmos precisavam “descarregar suas energias sexuais” eles procuravam as tais profissionais do sexo ou se masturbavam.

Mas os tempos mudaram, conceitos foram derrubados, foram necessárias muitas desconstruções para que a nova velha geração pudesse entender e reconstruir novos valores e aproveitarem juntos os prazeres que a vida oferece mesmo depois do amadurecimento.

Hoje a mulher se tornou alguém tão participativa quanto o homem nas relações sexuais, seus desejos, seus fetiches, sua satisfação é manifestada e compartilhada com seu parceiro, ela pode ter 20, 30,… 60, 70 ou que idade tenha, ela não precisa mais “se esconder” detrás de uma grande frustração, ela tem o direito de conduzir seu prazer da forma que lhe for mais conveniente, ela tem o direito de “levar” seu parceiro a um “caminho” para a melhor forma de ambos se satisfazerem.

O homem não precisa mais encontrar prazer ou “novas maneiras” de conduzir uma relação sexual nas profissionais do sexo, eles hoje podem se sentir a vontade com suas parceiras tenham elas a idade que tiverem.

Isto se chama desconstrução.

Foi necessário comparar os ensinamentos do passado, desconstruir a “educação” recebida e construir um novo conceito, conceito este que beneficia a ambos. Casais que juntos conseguem cooperação, satisfação e prazer, não importando a idade.

Portanto desconstruir é também benéfico, jogar por terra alguns “ensinamentos” do passado e “modernizar” atitudes vai fazer uma grande diferença.

Desconstruir aquilo que parecia verdade absoluta, crenças irracionais, comportamentos impostos, exigências patriarcais para construir uma nova forma de agir fará com que o sujeito que tomou tal atitude se sinta ao mesmo tempo leve e preparado para enfrentar os novos desafios da escolha que fez.

Não basta agir uma única vez, é necessário que se contenha das velhas atitudes e depois da desconstrução ter a humildade de aceitar novas construções, sugestões e até mesmo ajuda para o fortalecimento desta nova edificação.

É um processo desafiador sabemos disso, principalmente para aqueles que hoje estão na madures da vida, é um grande desafio e o tempo desta desconstrução e da nova reconstrução depende de cada um e da forma com que se aceita a nova forma de viver.

A vida nas linhas do grande escritor Guimarães Rosa é sempre um “rasgar-se e remendar-se”, é necessário observar os “melhores retalhos” que sobraram, é preciso jogar a “velha casa” no chão para construir uma “nova casa” muito mais segura e prazerosa de se viver.

Mude, desconstrua e reconstrua, com certeza novos prazeres vocês vão encontrar.

Pense nisso.

Gilwanya Ferreira

CRP 04/42417

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