“Tome cuidado com o vazio de uma vida cheia demais”

Passamos a vida planejando o futuro, planejamos nossos estudos, planejamos nosso casamento, planejamos quantos filhos queremos ter, planejamos tudo, tudo sendo planejado como se fossemos peças de uma grande máquina e que nada pode dar errado.

Corremos de um lado para o outro sem parar para que tudo possa sair a seu tempo, “a tempo e a hora”. Preenchemos nossas lacunas para não sentir o tempo passar, mas, de repente precisamos parar, parar forçosamente porque nosso corpo vai pedir socorro e nos derrubar em um canto qualquer.

É assim que de verdade acontece com a maioria de nós, adultos jovens que estão iniciando uma vida e precisam se posicionar diante dela com uma firmeza inigualável, jovens idosos que ainda precisam trabalhar se imaginando  não poder parar, idosos senis que já não podem parar  porque não aprenderam se dar ao desfrute  de terem uma vida que dizem ser vazias se um dia pararem.

Pois é… ”Tomem cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais”

Li esta frase em um cartaz amarelo ouro e bem grande posicionado diante da mesa de um grande empresário que um dia conheci.

Curiosa que sou pesquisei de onde vinha esta citação tão verdadeira e descobri que foi Sócrates quem a escreveu e escreveu a mais de 2000 anos atrás ai descobri que ele já naquele tempo percebeu o quanto o mundo já estava atropelando o tempo que faz o tempo passar.

Tenho certeza de que quando lemos esta frase prestando atenção, nós que já temos um pouco mais 45, 50, 60 sei lá quantos anos mais de vida percebemos o quanto levamos uma vida automática e repetitiva todos os dias, uma vida que hoje tirou de nós ainda mais vida pela insegurança, pelo medo, pela excessividade digital que tanto nos favorece, que une povos e populações e ao mesmo tempo nos afasta do real, da real necessidade do convívio presencial do toque das mãos, dos olhares sinceros e das prosas gostosas nas calçadas ou num boteco de uma esquina qualquer ou na esquina que tanto bem nos faz.

É, é o tempo que corre nos fazendo correr atrás de uma vida ocupada demais e neste corre-corre até esquecemos quem somos e o que estamos fazendo com a vida que estamos vivendo e quando percebermos pode ser tarde demais, pode não dar mais tempo de resgatar aquela amizade perdida no tempo, aquela viagem tão desejada, aquela brincadeira tão “boba” que tanto gostávamos de brincar ou aquele amor que deixamos passar, tantas coisas, tantas coisas mais que foram se perdendo neste tempo ocupado demais.

Será que valeu a pena? Será que o tempo que “perdemos” ou ganhamos correndo a favor ou contra este mesmo tempo nos deu os prazeres inocentes que tanto precisávamos ter durante o tempo que aqui estamos vivendo e ainda podemos viver?

Será que ainda podemos perguntar para nossa própria vida se uma vida corrida de mais preencheu nossa vida da maneira como um dia planejamos?

 Só nós sabemos responder, só nós sabemos o que estamos vivendo, só nós podemos avaliar as respostas exatas que nós mesmos precisamos ouvir e só assim cautelosamente poderemos fazer as mudanças necessárias para uma vida melhor.

Nós precisamos dar um tempo para que este mesmo tempo nos mostre a necessidade brutais do ócio, as sensações agradáveis do olhar para nós mesmos e o prazer inigualável de termos tempo para nos entender e refletir que aqui estamos de passagem, que aqui precisamos sim de roupas, sapatos, carros, eletrodomésticos de última geração e outras tantas mais necessidades, mas, que nosso prazer de pisar no chão com roupas leves esquecendo os trajes a rigor, que os cabelos desalinhados e sujos, que as unhas nem tão impecáveis também fazem bem e são o bálsamo das alegrias que podemos viver enquanto ainda temos vida.

Em março passado um alerta foi dado, foi necessário a pandemia para fazer o mundo parar, foi necessário a ceifa das vidas para nos alertar.

Era a hora de parar, era a hora de modificar, de reformular, de reescrever de reinventar porque precisávamos cessar, cessar uma etapa para que pudéssemos pensar, pensar na importância da vida e o quanto é importante o equilíbrio entre o se encher pelos vazios brutais de uma vida corrida  e cheia de mais ou se saciar pelas delicias dos desfrutes de momentos passados sem nada ter que fazer ou fazer para apenas preencher o tempo que a nós mesmos podemos nos dar.

A vida nos mostra caminhos, é a vida que aponta os holofotes na direção que devemos passar, cabe a cada um de nós tomarmos a decisão exata do queremos, do que precisamos enquanto vida tivermos para vive porque é preciso “Tomar cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais”

Pense nisso

Gilwanya Ferreira

CRP 04/42417

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