O amor e o ódio platônico na homossexualidade madura Como lidar com esta situação?

Amar, independente de qualquer coisa que possa existir amar sem medida sem pensar nas consequências que o amor pode acarretar simplesmente amar…
Odiar, odiar com ou por razões que conhecemos ou quiçá simplesmente por não nos afeiçoarmos, não gostarmos, não querermos nos aproximar, odiar. 
O ódio tão próximo sentimento do amor, sentimento que se funde e se concretiza as vezes por defesa de encarar o sentimento amar, odiar apenas por consciente inconsciente saber que não se pode alcançar. 
O amor platônico é o amor que se dedica ao outro sem haver qualquer tipo de interesse e mesmo ligação entre as pessoas envolvidas, é um amor sem interesse sexual, um amor puro e desprovido inclusive da tão “famosa” paixão, o amor platônico é o amor que se fundamenta pela admiração, pelas virtudes que o outro desperta, no entanto ele é fruto apenas de um lado, apenas um dos dois envolvidos conhece este sentimento.
Na maturidade homossexual este amor pode acontecer por inúmeras razões e inclusive pode causar danos psicológicos irreparáveis naquele que dedica seu amor e não é correspondido.
Hoje a pergunta chega de um leitor, Sr. Luiz F. morador da capital São Paulo ele, homossexual assumido se envolveu em uma situação destas e sem entender o que está lhe acontecendo relata:
Há mais ou menos 1 ano conheci um “colega” de trabalho e de imediato não me afeiçoei a ele, foram dias de “luta” contra meu próprio preconceito para entender o que se passava comigo, sem perceber eu comecei a “agredi-lo” verbalmente todas as vezes que as situações de aproximação permitia,até que um dia este “colega” pediu demissão do trabalho e deixou a repartição onde trabalhávamos sem “me comunicar” nada. 
Sem saber da sua demissão entrei na empresa e como nos outros dias logo busquei sua imagem para sanar meu ego. Inconsciente de minha atitude e como em todas as manhãs, tardes ou mesmo noites busquei encontrar uma “desculpa” para me aproximar e “implicar” com alguma coisa dele ou do seu entorno que me desagradasse para que então eu o agredisse. 
Sem lograr êxodo naquela manhã tentei ser o mais “normal” possível, mas não consegui e fui ao seu setor perguntar por ele. 
A notícia que tive foi que ele havia se desligado da empresa e que não apareceria mais porque havia também mudado de cidade.
Foi um choque para mim, não consegui mais me concentrar no trabalho e tão pouco nas atividades particulares que envolviam meu dia.
Estou me sentindo muito “culpado” de tudo que está acontecendo, imagino que ele possa ter se sentido “constrangido” pelo meu comportamento e encontrou a melhor “saída” a demissão, o afastamento da situação que eu causei.
Conversei com amigos e um deles me alertou para um sentimento que eu não havia pensado o amor platônico, o amor que eu podia estar despertando em mim por aquele “colega” de trabalho e que consciente da situação eu sabia que era “impossível”.
Hoje estou sofrendo sem saber que “rumo” tomar, tenho perdido noites de sono pensando no que posso eu fazer para este sentimento não se apossar de mim, então pergunto: Como posso lidar e me conscientizar deste sentimento chamado amor platônico uma vez que ele se apoderou de mim ?
O amor e o ódio são sentimentos tão próximos um do outro que na maioria das vezes não conseguimos decifrar qual na verdade se apodera de nossos corações quando ele chega. 
Em muitos casos o descaso o desinteresse pelo objeto de desejo chega em primeiro lugar, é aquele sentimento imediato, aquele julgamento imediato que fazemos do outro antes que de verdade o conhecemos.
O amor platônico para nós é o sentimento que despertamos pelo outro que não nos corresponde, quem não um dia amou um ator ou atriz das telinhas de Tv e alimentou este sentimento por anos seguidos?
Quem nunca amou “seu professor” sem que ele ao menos saiba deste sentimento?
O amor platônico é aquele sentimento único, onde o outro não sabe ou nunca saberá, é o sentimento que é alimentado única e exclusivamente para saciar nosso desejo de amar.
No caso do amor homossexual este amor pode ser um sentimento bastante complicado, pois este amor pode ser despertado por um colega hétero e jamais ser correspondido.
O despertar do sentimento chamado amor platônico é justamente este, a mistura consciente do impossível que faz com que estejamos paralisados, mas alimentamos este sentimento com tanto carinho e por tanto tempo que ele pode tomar dimensão inimaginável.
A não correspondência do outro quando este vive, trabalha, estuda etc. às voltas daquele que alimenta o amor platônico pode também despertar em forma camuflada um sentimento muito próximo ao ódio, pode ser em proporções menores ou maiores, dependendo do nível de entendimento que aquele que ama tem do seu próprio sentimento, por isso as agressões verbais ou mesmo físicas em casos mais extremos podem acontecer.
Este fato ocorre em forma de negação onde o sujeito supostamente apaixonado busca algum tipo de correspondência inconsciente de seu sentimento e consciente sabe que é impossível então ele busca alguma maneira de “se mostrar” àquele que ama.
É complicado entender, mas quando prestarmos atenção no sentimento chamado amor platônico em uma forma global e entendemos a razão porque ele acontece passamos a entender as razões do comportamento do suposto apaixonado e também a dor que ele retém dentro de si mesmo sem poder se declarar à aquele que ama.
Existem casos em que o objeto de desejo está tão próximo e ao mesmo tempo tão distante que chega a confundir à ambos, aquele que detém o sentimento do amor se aproxima imaginando obter um retorno plausível que possa alimentar este sentimento. 
Aquele que se sente “ameaçado” pelo sentimento pode corresponder de uma forma carinhosa, educada, gentil, porém sem as mesmas conotações e intenções do outro. 
Este retorno pode também não ser correspondido, pode ser por medo, insegurança ou mesmo falta de conhecimento, tudo pode acontecer, o que é importante nestes casos é que aquele que detém o sentimento compreenda que é platônico e que amores assim não são correspondidos e consequentemente não podem ser ameaçados.
Agindo desta forma o sofrimento será menor, as consequências deste sentimento poderão tomar formas menos gigantescas e às vezes inclusive cessar sem machucar.
Outras vezes pode ele se tornar real, nada é impossível no amor platônico, basta que se conheça a dimensão do sentimento, tenha consciência do quanto é viável a aproximação e a declaração para aquele que se esta amando e a avaliação que possa ter de tudo isto junto.
Tudo dependerá de ambos, não havendo conhecimento do sentimento pela outra parte este nunca sairá da condição platônica e quando há conhecimento e não correspondência caberá a aquele que ama fazer uma auto avaliação e ver se valerá a pena manter acesa esta chama ou mudar o foco e tentar conhecer e se apaixonar por alguém que possa corresponder a este sentimento sem barreiras e sem preconceitos.
É desnecessário o sofrimento quando aquele que se sentiu ameaçado consciente ou inconsciente “foge” da situação que se encontra porque cada um de nós dentro de nossa subjetividade conhece suas limitações e muitos de nós não conseguimos mudar ou enfrentar de peito aberto um novo desafio que possa surgir no percurso de nossas vidas, portanto, não tenham “medo” do amor platônico ele assim como chega sairá no seu devido momento. 
O amor é complicadamente simples de entender e aquele verdadeiro sentimento pode estar tão mais próximo do que imaginamos. 
Não importa se somos héteros, homos, ou bissexuais, o amor não tem gênero, ele apenas é, ele permite que a imaginação brinque inclusive de ser platônico ou real basta apenas permitir ser.
Quem sabe você esta amando e odiando platonicamente e também pode estar sendo amado ou odiado na mesma intensidade e na mesma situação e não se deu conta disto? 
Pense, tudo pode estar acontecendo e você não percebendo pelo simples fato de estar “de olhos “fechados” preocupado em “agredir”, pois a agressão como mencionei também é uma forma de demonstrar o sentimento que você não consegue dominar.
Portanto o que importa é seguir em frente confiante que tudo no seu devido tempo tomará o rumo certo, basta darmos tempo ao próprio tempo e aprendermos a mudar nosso foco e comportamento para termos uma qualidade de vida cada dia melhor da que temos nos tempos de hoje.
Pense nisso.

Gilwanya Ferreira
Psicóloga CRP 04/42417

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