A importância de se acreditar na vida

 

 

Superar alguns obstáculos muitas das vezes não é uma tarefa assim tão fácil quanto se imagina e quem esta “fora” da questão jamais poderá avaliar o tamanho do sacrifício que muitos fazem para “sobreviver” a um determinado acontecimento.

Hoje vamos falar da importância de se acreditar na vida, no quão uma dor pode ser modificada quando acreditamos que é possível viver e viver mais feliz. Vamos falar do luto, e das diversas formas de enfrentamento de tais situações.

Não estamos falando apenas do luto pela perda de um ente querido porque seria “egoísmo” de minha parte dizer que só se vivencia o luto pela morte, o luto tem vários significados, pode ser pela perda de um emprego, pela perda da capacidade física, pela morte de um animal de estimação, por ter se decepcionado (morte) no amor, pela não conquista de um sonho tão sonhado e por outros tantos motivos que nem podemos mencionar. O que importa é que luto é sempre luto e com a dor não podemos competir porque cada um dentro de sua subjetividade vive a dor de uma forma diferente.

Não somos capazes de analisar as diversas formas de sentimentos, enquanto alguns se debulham em lágrimas por anos e anos outros vivenciam calados, quietos e sem nenhuma reação, já outros superam facilmente porque acreditam na vida e acreditam no amor.

Outro dia assisti a um filme, Elza e Fred, Um amor de Paixão, emocionada com tal enredo que retrata o quanto é importante acreditar que tudo em nossas vidas se ilumina quando nos permitimos mudar, eu pude confirmar que acreditar no amor e na vida é tudo que precisamos, é tudo que necessitamos para o tão “sonhado” equilíbrio da vida.

Não permitir-se quando a dor é muito grande é uma atitude bastante comum entre todos nós e quando esta dor acontece na terceira idade, tudo parece ser ainda mais difícil então, o refúgio no álcool, no tabaco, nas drogas lícitas ou ilícitas pode surgir “como solução” e muitas das vezes pode se transformar em um problema para o resto da vida, causando dependência tanto física quando emocional.

Passar a ser hipocondríaco nestas circunstâncias também é um refúgio e quando se trata de idosos esta situação aparece para os familiares como algo comum, pois “tomar remédios é atitude de velho” o problema maior é quando por causa desta dor emocional o idoso se isola e passa a imaginar que tudo em sua volta não faz mais sentido.

Muita das vezes este isolamento é tão grande que o sentimento de angustia se torna tão mais forte do que o sujeito e ele mesmo que tente não consegue se “livrar” desta situação.

Nestes casos encontrar um sentido para a vida e ter a ajuda de “alguém especial” pode mudar o rumo desta trajetória.

É necessário sentir vontade de mudar, acreditar em dias melhores, redescobrir os prazeres da vida, permitir-se dentro de sua capacidade encontrar um caminho para se chegar a algum lugar diferente e “mais colorido” do que daquele que pode estar vivendo.

Acreditar na vida é permitir que novos sonhos podem e devem ser sonhados, que novos amores podem chegar e novas oportunidades com certeza vão surgir.

Fazer novas amizades com pessoas com perspectivas diferentes só vai nos fazer bem, eles podem movimentar nossas vidas de tal maneira que vão nos tirar de toda inércia até então vivida.

Claro que respeitar o “tempo” de cada um é de suma importância, mas somos nós os maiores e mais interessados a sairmos ou não deste lugar que nos colocamos. “Estendermos” as mãos para que “alguém” possa nos ajudar cabe única e exclusivamente a nós mesmos.

A vida é implacável e muita das vezes nos arranca sem piedade o grande amor que temos ao nosso lado e subitamente nos deparamos com um enorme vazio. Este um fato e acontece com qualquer um de nós independente da idade, e é uma verdade quando dizem: “para morrer basta estar vivo”.

É comum entre os idosos quando se deparam com algum problema seja de saúde física  ou  emocional  e passam a ter consciência  da gravidade do mesmo se sentirem totalmente desprotegidos, descrentes e desanimados, mas também sabemos que muitos deles nesta hora arrancam uma força tão desconhecida de dentro de seu ser que mesmo na dor permanecem felizes e conseguem “contagiar” de tanta felicidade e amor a vida, todos  que com ele convive.

Sonhos e realidades nestas horas podem ser misturados de um jeito bem divertido, viver o encantamento de “poder realizar” é estimulante e o otimismo nestes casos é algo muito importante, pois acreditar que é possível é “meia tarefa cumprida” principalmente quando se trata de idosos que acreditam que seu “tempo está acabando”.

Um fator estimulante é o convívio com pessoas totalmente opostas a nós mesmos, (ai vem o velho ditado: “os opostos se atraem”) desde que tenham os mesmos princípios morais estas diferenças de comportamento podem modificar nossas atitudes e consequentemente temperar nossas vidas com “o tempero da esperança”.

Alimentar os nossos sonhos, termos um objetivo é fundamental para que nossas vidas sejam impulsionadas, seja lá qual for este sonho, seja lá que idade se tenha, o importante é que sonhos impulsionam a vida e esta vida não teria sentido se não fosse para corrigir os erros que cometemos vencermos os preconceitos que criamos alargarmos nossos sentimentos e permitirmos sermos felizes.

O amor consegue modificar uma vida, consegue transformar um sonho quando ele é alimentado de esperança. Idosos podem sim recomeçar, devem reconstruir suas vidas e fazer das “lembranças” de outros tempos, tempos melhores, tempos de luz, tempos de paz enquanto ainda há tempo.

Resgatar a ternura de viver intensamente cada momento mesmo que algumas regras sociais sejam violadas é acreditar que ainda a tempo de viver e que mesmo que este tempo corra contra o tempo nada é mais importante do que ser feliz, do que ter o privilégio de ter alguém que ama ao seu lado, de cometer “loucuras” jamais sonhadas.

Cada um escolhe o caminho que quer seguir, cada um escolhe entre a felicidade e a dor, a mistura do previsto ao totalmente inesperado pode ser instigante e independente de qualquer situação vivida no passado é fundamental que o idoso entenda que não tem volta o ocorrido e que a vida está ai, passando dia-a-dia e que só ele pode modificar o rumo que quer tomar.

Acredite, não há nada melhor do que acredita.

Gilwanya Ferreira

Psicóloga Clínica

Psicogerontóloga

Capacitada em Sexologia Clínica.

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