O alcoolismo na terceira idade é um tema importantíssimo que
afeta não só a saúde física do ser, mas também a saúde mental, intelectual
tanto do sujeito quanto daqueles que fazem parte do entorno familiar e social.
Falando de números e porcentagem podemos dizer que entre 2 a 3% dos alcoólatras
na população brasileira tem mais de 65 anos, pessoas consideradas idosas e em
pesquisas realizadas ficou constatado que uma grande parte destes consumidores
de álcool consomem a droga como forma de bloquear, inibir a solidão que sentem
ou por não aceitar a chegada da idade madura, uma realidade que para muitos é
muito difícil de aceitar.
“Segundo o Dr. Camilo Verruno, diretor do Programa Nacional de Controle do Uso
Indevido do Álcool (CUIDA), secretário da Comissão Nacional do Alcoolismo e
professor adjunto de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade de
Buenos Aires (UBA), as pessoas com mais de 65 anos o alcoolismo pode adotar
formas diferentes de apresentação.
Em alguns casos apresentado como forma terminal da alcoolização a
caracterização se dá pela dependência física que a pessoa adulta atinge depois
de uma “longa carreira de 10, 20 ou mais anos bebendo de forma constante, porém
acompanhada de uma alimentação regular o que vem permitir uma sobrevida também
regular” Estes sujeitos considerados alcoólicos crônicos com o passar dos anos
passam apresentar sinais de perda de memória, demência dentre outros sintomas.
Outro grupo característico são os considerados “abusadores” que são pessoas
adultas que não possuem uma situação socioeconômica, cultural adequada, que
vivem sozinhos e que normalmente são rechaçados por suas famílias, recorre ao
álcool como forma de efeito droga.
Utilizam “substâncias aditivas como o álcool para escapar de uma realidade que
não conseguem e não podem assumir.”
Já sabemos que o alcoolismo é uma doença crônica que tem como característica a
tendência de beber mais do que é devido.
No corpo idoso que naturalmente já está fragilizado e que há um desgaste
natural tanto anatômico quanto fisiológico e também em alguns casos psicológico
o uso constante do álcool afeta ainda mais as condições nutricionais do sujeito
e consequentemente a saúde física também fica extremamente debilitada.
Do grupo de idosos que são dependentes podemos dizer que muitos deles sempre
beberam nem que seja aquelas doses consideradas “sociais ”e quando alcançam uma
“certa idade” começam a abusar do álcool por inúmeras razões, outros tantos
nunca beberam, mas quando chegam à idade madura começam experimentando e acabam
“tomando gosto” pelo sabor ou pelas reações que o álcool traz se tornando então
dependentes e consequentemente abusando de uma tal forma que não conseguem mais
controlar.
Portanto, o alcoolismo entre os idosos é uma questão muito mais
comum do que imaginamos e é bastante preocupante esta estatística porque além
das causas já mencionadas, o isolamento, a ansiedade, a inatividade
profissional, as perdas naturais, a depressão e a baixa autoestima também são
fatores que incentivam o idoso ao uso do álcool.
O uso constante de bebidas alcoólicas então passa a ser um grande “perigo” e um
“sinal de alerta” para aqueles que fazem parte do entorno em que o idoso vive
porque além de que o corpo idoso já não consegue mais ter a capacidade de
digerir o álcool ingerido ele também pode agravar outras doenças que por
ventura o idoso possa ter tais como, a hipertensão, a diabete, agravamento da
doença de Parkinson e Alzheimer, além de que também o estado de embriagues
causado pelo álcool pode ser confundido com algum tido de demência ou mesmo
agravar tais sintomas já diagnosticados.
É comum que pessoas que vivam no entorno familiar de um idoso não se darem
conta ou não “terem tempo” de prestarem atenção no uso abusivo do álcool, outro
fator comum é a “vergonha” de admitirem tal fato ou até mesmo a negação da
gravidade do problema alegando ser “coisas de velhos” acabam por não darem a
devida importância merecida elevando ainda mais os riscos causados pelo uso do
álcool.
Não é muito difícil perceber quando um idoso esta se tornando ou já se tornou
um alcoólico crônico, basta prestarmos atenção em alguns sinais que ele mesmo
nos da:
– Apresentação de perda de memória ou confusão mental sem a devida causa diagnosticada.
– Quando observamos que ele esta bebendo mais e está tendo menos efeitos visíveis dos que os naturais.
– Quando o idoso propõe algum “tipo de encontro” regado à álcool sem pretexto, alegando que beber faz bem, raleia o sangue ou que é uma “boa companhia.
– Quando começa a esconder bebidas alcoólicas.
– Quando sem motivo justo ele se torna agressivo.
– Quando começam a se descuidarem tanto da aparência física quanto da higiene pessoal.
– Quando começam a perder o apetite.
– Quando começam abandonar, descuidar daquilo que faz parte de seu entorno tais como animais de estimação, casa, contas a pagar, dentre outras obrigações naturais e diárias.
– Quando a uma notável desnutrição corporal, dentre outros sinais que às vezes são subjetivos de cada idoso.
O alcoolismo é uma doença, portanto não pode ser ignorada, precisamos estar
sempre atentos a qualquer sinal que não esteja dentro da normalidade daquele
idoso que conosco convive ou que conhecemos.
Preocupar-se com eles é nosso dever, dar a devida atenção é de suma importância e caso seja realmente constatada a dependência é fundamental que procuremos ajuda médica e psicológica para que este idoso possa superar e até mesmo vencer o vício porque as consequências do uso abusivo são graves causando anemias, lesões cutâneas, afetando o estômago, o esôfago o fígado, o pâncreas além de complicações cardiovasculares tais como arritmia, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial e arteriosclerose.
O álcool em excesso também afeta o sistema neurológico causando confusão
mental, coordenação motora reduzida, limitação da memória de curto prazo,
deterioração dos nervos que controlam os movimentos dos braços e pernas, e
acidentes cerebrovasculares além de que o impacto psicológico pode causar uma
interferência no convívio social e familiar gerando grandes problemas tanto
para o idoso considerado alcoólatra quanto para seus familiares e também para
aqueles que com ele convive.
Portanto, carinho, atenção, cuidado, apoio constante, exercícios físicos,
terapias ocupacional além da ajuda médica e psicológica são importantíssimas
para que o idoso se sinta seguro e confiante podendo assim vencer este vício
considerado “maldito” e seguir seus dias até a finitude com dignidade, saúde,
qualidade de vida e bem viver adequados a seu tempo.
Pense Nisso
Gilwanya Ferreira
CRP 04/42417