Amor maduro

Ah o amor! Sentimento nobre que se constrói dia após dia

M as que poucos sabem ao certo seu sentido

O lhos perdidos, mãos unidas, bocas silenciosas

R isos sinceros, simples assim….

Tenho 80 anos, sempre fui um homem que diziam ser bonito, reconhecia meu charme e minha capacidade de conquista, sempre fui muito assediado pelas mulheres e nunca levei nenhuma de verdade a sério até que um dia um olhar que timidamente cruzou o meu olhar feriu-me como nos contos de fadas parecia que de verdade a flecha do cupido havia ferido meu coração e assim começou minha linda história de amor.

Eu tinha 36 anos era jovem e todos me cobravam um relacionamento sério, diziam que eu precisava me casar, que minha vida não teria sentido se não construísse um lar que uma esposa seria importante para que eu pudesse dar um rumo à minha tão solta vida então ela chegou, mansinha e sorrateira seu olhar pousou no meu e sem que eu me desse conta ela tomou seu lugar.

Meiga, sem nenhuma intenção ela apenas me olhou e daquele momento em diante eu vi que de verdade minha vida havia mudado.

Procurei saber quem ela era, suntei os caminhos que ela andava, escondido e envergonhado eu a buscava nos possíveis lugares onde ela estava e foi assim que eu a conheci, bela, singela eu não resisti e criei coragem de me aproximar e a ela meu coração entregar…

Foram anos lindos de sorrisos sinceros, cumplicidade total; nosso lar parecia uma casinha de bonecas à espera dos filhos que Deus nos pudesse dar.

Andávamos de mãos dadas, sentávamos na pracinha da cidade, recebíamos nossos amigos viajávamos conhecendo novas terras… Éramos felizes de mais, eu agora não era mais o galante da multidão mais me sentia o homem mais belo ao olhar daquela mulher que para mim se tornara a mais linda criatura do universo.

Tudo estava perfeito, nosso sentimento foi construído forte e verdadeiro eu sentia que de verdade era o Amor.

Três anos de casados nosso primeiro bebê resolveu nos dar a honra de fortalecer ainda mais nossa união e ela doce viu seu corpo se modificar, seu ventre carregava o fruto daquela união que iríamos chamar de filho para toda nossa vida.

Seis meses de gestação, ela acordou de madrugada sentido dores chorava amedrontada sem saber o que de fato acontecia, eu, desorientado mais parecendo entendido do fato a peguei nos braços e logo corri para o hospital.

Ela não resistiu, uma hemorragia fatal a arrancou de meus braços e ainda levou nosso fruto do amor.

Muita dor, um choro compulsivo me fez cair ao chão pedindo a Deus misericórdia do meu amor, mas de nada adiantou.

Minha vida precisou continuar, eu agora não tinha pressa de chegar, ali naquele lugar ninguém mais me esperava com aquele sorriso gostoso perguntando como foi meu dia…e meus dias passaram…

Não suportei viver mais naquele lugar, eram lembranças demais que feriam ainda mais meu coração, um coração que se fechou para o mundo apenas esperando o tempo passar.

Vendi a casa e em outro lugar fui morar. Nossos amigos ainda me procuravam insistentes me arrancavam daquele lugar que não era mais um lar, me levavam para passear eles queriam apenas me alegrar, eu não tinha mais um lugar.

Os anos foram passando, meu olhar se perdeu na imensidão e o brilho se apagou, eu queria apenas no meu canto ficar.

Aposentei-me e os meus dias ficaram ainda maiores, sem objetivo de casa eu agora nem  saia, perdi toda minha necessidade de conviver com pessoas, perdi a vontade de viver, os pensamentos me machucavam me culpando do tempo de jovem quando eu não acreditava no amor e muitos corações talvez eu feri, eu pedia perdão ao meu Deus.

Agora tenho 78 anos, minha família sou eu, com poucos amigos eu me agarro neste lugar para aqui ainda ficar.

Em uma manhã de inverno um amigo me procurou, ele agora vivia com um filho, não gostava muito daquela situação mais era prudente e também confortável, ele me chamou para conhecer uma cidadezinha do interior onde vivia os pais da sua nora, um lugarejo simples sem muito recurso mais aconchegante a ponto de abrigar a família daquela que seu filho desposou.

Relutei não querendo aceitar, mas me rendi aos pedidos daquele amigo que sempre ao meu lado estava, arrumei minhas coisas e de manhã saímos.

Quatro horas de viagem meus pensamentos voavam na velocidade do tempo me lembrando do olhar meigo de minha esposa sorrindo e comentando as coisas que lhe chamavam atenção nas viagens que juntos fazíamos, meu olhar se perdeu no betume do asfalto que cobria a estrada que percorríamos.

Chegamos, uma casa simples no meio da mata um casal abraçado no portão nos esperava com um sorriso largo e sincero, meu coração se acalmou e eu me entreguei aos prazeres daquele lugar.

A noite chegou uma mesa linda na sala de jantar me chamava atenção para as delicias ali que nos esperava. Dona Rita, mães de Silvia nora de meu amigo muito gentil nos pediu um tempo a mais porque ela havia convidado outras pessoas para a nós à mesa se sentar.

Uns minutinhos e palmas ouvimos anunciando a chegada dos convidados, eram pessoas da redondeza que faziam parte do grupo de amizade daquele casal.

Como de costume me levantei para cumprimentar aquelas pessoas e para meu espanto meu olhar em outro olhar se pousou, meu corpo se estremeceu como quem quer desmaiar, minhas mãos gelaram e meu coração parecia que pela boca iria saltar. Não! Não era possível, eu os olhos de minha amada novamente estava a olhar.

Sem chão cumprimentei a todos e me sentei porque tinha certeza de que não estava me sentindo bem…As prosas rolaram soltas e meus olhos dos olhos dela não queriam largar, falamos de tudo, da vida na cidade e dos prazeres da vida no campo e aquela mulher sem que eu entendesse meu coração invadiu e de novo senti a flecha do cupido me flechar de emoção.

Foram 4 dias de estadia naquele lugar, tempo suficiente para eu novamente suntar quem era aquela mulher, mulher madura de olhar meigo e sorriso sincero.

Viúva também sem filhos enviuvou-se muito jovem, seu esposo se acidentou em uma mata a deixando sozinha naquele lugar. Dona Rita muito festeira logo percebeu meu interesse pela sua amiga e sem pestanejar promoveu outros encontros e me convidou a outras vezes voltar.

Voltei uma, duas, algumas vezes e um dia fui e não mais quis voltar, ela Júlia era a nova dona do meu coração.

Como em um passe de mágica eu me senti remoçado e a felicidade outra vez tomou conta da minha vida.

Não vendi a casa na cidade mais fiz questão de dar a ela a escolha de onde queria morar, ela pelo campo optou e então marcamos a data e nossa união se concretizou.

Tenho 80 anos, meu coração está novamente em festa e a alegria no meu rosto novamente se estampou, por quanto tempo não sei, não me importa quanto tempo ainda tenho, o mais importante agora é que de um novo amor agora meu coração se ocupou.

Me recordo sim da minha doce Elvira, mas agora são lembranças tranquilas, lembranças que alimentam a alma a ponte de agradecer a Deus a felicidade de dois amores de verdade ter me presenteado, sou mesmo muito agraciado.

Uma história real contada por um paciente que me procurou agradecendo os tempos de acolhida quando seu coração ainda estava sem esperança.

Hoje mais do que nunca acredito que de verdade o Amor é um sentimento que nos flecha a pessoa certa, que não há idade para se apaixonar e não há tempo para novamente este tão sublime sentimento aflorar.

Obrigada Sr. Petrônio por ter me mostrado e permitido sua linda história a tanta gente contar.

O amor ….Ah o amor….

Pense nisso

Gilwanya Ferreira

CRP 04 42417

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