A Tristeza. Como o idoso lida com este sentimento

Não é porque se tem uma idade avançada que necessariamente o idoso  precisa ser um ser tristonho, cabisbaixo ou depressivo, não, a idade madura precisaria ser um período de sabores e descobertas, precisaria existir magia e entusiasmo para quando chegar a finitude ela  ser um tempo digno e de muita paz.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pesquisas realizadas afirmam que pessoas com idade entre 60 e 64 anos são as que representam 11 % de diagnósticos relacionados à depressão e se compararmos com a proporção crescente de idosos estima-se que em 2050 a população idosa chegará a 1/5 da população brasileira e conseqüentemente boa parte desta mesma população estará, triste, deprimida, portanto é de suma importância não negligenciarmos tal situação.

A Tristeza é o estado afetivo caracterizado por um sentimento de insatisfação e acompanhado por desvalorização da própria existência e da existência do ser, pode ser passageira ou duradoura. A tristeza é uma das seis emoções básicas, as outras são: – felicidade, raiva, surpresa, medo e nojo.

A Depressão é caracterizada por um sentimento de tristeza profunda normalmente uma “tristeza que não passa”, de desalento, de pessimismo e de uma perda total de interesses básicos do dia-a-dia. Normalmente a depressão vem acompanhada com um forte sentimento de mal estar e de pensamentos negativos e, sobretudo de desinteresse total a dados e acontecimentos do cotidiano e um desleixo relacionado à aparência física.

Portanto precisamos estar sempre atentos a qualquer tipo de mudança de comportamento quando se trata da tristeza e em pessoas com idade mais avançada é ainda mais preocupante.

Não podemos em hipótese nenhuma menosprezar ou negligenciar qualquer sintoma de tristeza. Familiares, cuidadores ou mesmo pessoas que convivam com idosos e que fazem parte de seu dia-a-dia tal como vizinhos e amigos precisam anunciar a quem por este idoso seja responsável ou ao médico que dele cuida tais observações porque uma aparente tristeza pode inclusive levar ao óbito precoce deste sujeito.

O comportamento apático em pessoas idosas pode ter causa em vários fatores e pode inclusive ser uma “porta aberta” para a depressão.

Um dos fatores é a aposentadoria, nesta época da vida o sujeito primeiramente ser sente “como estar de férias”, planeja várias situações tais como viagens, aproveitar mais a companhia dos netos ou dos filhos, reunião com os amigos, festas, etc., porém quando esta “euforia do novo” passa, quando a realidade é bem diferente do planejado um estado de decepção invade o ser e naturalmente o sentimento de inutilidade e isolamento social acompanhados das alterações físicas e das doenças naturais da idade afloram com uma força avassaladora que poderá inclusive levar o sujeito a um estado de depressão aguda.

Sabemos que não temos como em alguma época de nossas vidas nos sentirmos tristes, este é um fator natural do ser vivo. Situações cotidianas podem nos levar a sentimentos de tristeza tais como a perda de um ente querido, a perda do emprego, doenças, a insatisfação com o ambiente que se vive ou se trabalha e também alguns eventos aleatórios, no entanto este sentimento precisa ter um “cuidado especial” e precisa passar porque o ser vivo foi criado para ser feliz e a felicidade só bem traz ao ser.

Não existe um antídoto contra a tristeza, a favor dela temos a ajuda de psicólogos ou psicogerontólogos que podem orientar o sujeito no “melhor caminho” a ser tomado quando este sentimento invadir o ser.

O maior medo aqui é a falta ou negligenciamento de um diagnostico porque tanto quanto qualquer doença física a tristeza precisa ter uma atenção e quando se trata de um tempo maior em estado apático ainda maior precisa ser a atenção dispensada a este ser idoso.

Inicialmente esta observação precisa vir acompanhada de exames rotineiros. A avaliação médica é fundamental para ser descartado qualquer tipo de enfermidade física.

Depois de confirmado o bom estado de saúde física, é necessário o diagnóstico psicológico, sessões com o psicogerontólogo ajuda imensamente no diagnostico porque este profissional está capacitado exclusivamente ao atendimento à pessoa idosa tendo ele mais possibilidades e recursos para uma avaliação segura do quadro que se encontra o sujeito.

Somente depois de toda avaliação é que se pode conduzir o idoso a um tratamento que pode ser individual ou em grupo dependendo do quadro que se encontre o mesmo.

Não se pode jamais menosprezar qualquer tipo de queixa em se tratando de tristeza. Sabe-se que a maioria dos idosos não se queixa com medo de discriminação ou mesmo algum tipo de represália, porém alguns deles “fogem a regra natural” e mesmo não se queixando em forma de palavras conseguem demonstrar seu estado por meio de sinais emitidos no seu cotidiano tais como: silêncio total ou parcial, desinteresse daquilo que esta em seu entorno ou mesmo em relação às pessoas queridas, isolamento, expressões faciais diferentes das de costume, desvalorização da própria capacidade, descuidado com a higiene e a aparência, dentre outros.

Em alguns casos a queixa também pode vir através de sintomas físicos tais como dores localizadas ou mesmo não identificadas, choros sem motivos aparentes, sono excessivo ou insônia, falta de apetite, cansaço, dentre outros.

Não é incomum que se confunda tristeza com algum tipo de demência ou doenças naturais da idade o que precisamos é sempre estarmos atentos para que o idoso possa ter um acolhimento adequado, que sejamos carinhosos e atenciosos ouvindo e prestando atenção sempre porque, são eles que enriquecem nossos dias com suas experiências de vida e principalmente com sua vida ao nosso lado.

A prevenção é sempre bem vinda em qualquer tempo, será ela quem poderá evitar maiores transtornos no que diz respeito à tristeza.

 Evitar causar aborrecimentos, “pensar duas vezes” antes de dar uma má notícia tal como a morte de alguém querido, a incidência de uma doença terminal em alguém da família, de alguém querido ou mesmo do próprio idoso mesmo sabendo que é seu direito “saber”, pode ser uma importante prevenção. Não estando ciente do fato ou sendo “preparado” para receber “certas noticias” fará com que o estado emocional do idoso mantenha-se em um patamar de equilíbrio e conseqüentemente a tristeza não terá chance de chegar.

Vivendo em lares de longa permanência, em casa com a família ou mesmo optando em viver sozinho o idoso merece nossa atenção sempre e um dos fatores que fará toda diferença é manter este ser sempre participativo no meio em que esta inserido. 

Convidá-lo a participar e ser úteis de alguma forma em eventos realizados pela entidade que esta vivendo, em reuniões familiares, incentivá-los a planejarem viagens, convidá-los para cursos de informática, novo idioma, trabalhos manuais, promover bailes em que a socialização seja facilitada, motivá-los dentro das possibilidades de saúde a fazerem exercícios físicos tais como natação, caminhada, hidroginástica etc.. Incentivá-los a conversar com vizinhos, participar mais da vida dos netos, ouvirem música e permitirem  uma nova possibilidade de se apaixonar quando se esta sozinho são fatores que influenciam positivamente  e é muito bom para “espantar a tristeza”.

A companhia daqueles que amamos e o sentimento de positividade  é sempre bem vida e junto sem sombra de dúvida a felicidade está.

Portanto, carinho, companheirismo, vidas preenchidas, acompanhadas de incentivo e uma pitada de ousadia só coisas boas traz para qualquer ser e em se tratando de idosos tudo isso acrescido de muito amor só bem causará e a felicidade não faltará.

Pense nisso.

Gilwanya Ferreira

CRP 04/42417

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