O coração, as emoções e o idoso.

A vida é uma caminhada que todos nós fazemos, de etapa em etapa, de passo a passo, dia após dia e de preferência soltando as amarras das lembranças do passado e abrindo mão de muitas coisas em prol do bem estar atual.

Como aprendemos que o tempo é feito exatamente por uma série de acontecimentos ininterruptos e que quando um tempo acaba é porque está na hora de outro tempo chegar, seja este tempo de paz, alegria, raiva, amor, tristeza, ansiedade paixão, ou seja, lá que tempo for, o que é preciso é que saibamos lidar com cada emoção, lidar com tranquilidade com cada tempo que o tempo nos dá.

Falar de controle emocional não é algo tão simples. Nem sempre temos o domínio de controlar nossas emoções e quando algo de muito especial nos acontece, seja na alegria ou na dor, não importa a idade que tenhamos uma emoção sempre é uma emoção. Quando é muito forte, sempre vem acompanhada de mudanças de comportamento súbitas tais como gritos, choros compulsivos, algumas vezes pulos e risos incontroláveis, outras vezes uma inquietação inexplicada, um silêncio profundo dentre outros, o que é comprovado é que é muito difícil lidar com nossas emoções sejam elas de paz ou de dor.

Quando falamos destas mesmas emoções em relação ao idoso estes sentimentos se tornam ainda mais difíceis, pois, eles já viveram uma vida rodeada de emoções e já experimentaram de todas elas, seus corações “já estão calejados” de viver e agora, seria o tempo de se viver o estado de paz, de usufruir seus dias com tranquilidade e alimentados de muito amor e harmonia, mas nem sempre é assim, eles também vivem suas emoções, eles também choram de tristeza, de saudade, de falta de amor, de amor de mais, de dor, e tudo mais, e tudo isso é emoção então, perguntamos: – Será que este coração já tão vivido consegue “aguentar” tanta emoção?

Estudos comprovam que as emoções podem sim interferir no bom ou no mau funcionamento deste “músculo” tão significativo em nossas vidas, que as tristezas excessivas, as alegrias, o mal estar, a inquietação, a irritação, a ansiedade, a depressão e muitos outros sentimentos que todos nós vivemos podem ser os responsáveis pelos fatores dos riscos cardiovasculares.

Nossos corações são para todos nós o símbolo das emoções, o lugar onde guardamos tudo que “colhemos” nas estradas de nossas vidas, é nele que guardamos as coisas ruins que vivemos, mas também as boas lembranças.

São nossos corações que nos dão os primeiros sinais de que algo não está bem ou que tudo está ás mil maravilhas, é nosso coração que anuncia o grande amor mais também é ele quem “grita” a dor.

Entretanto há mais complicações que imaginamos e uma delas foi revelada por cientistas da Indiana University- Purdue University Indianapolis (EUA). Eles foram responsáveis por uma pesquisa que constatou pela primeira vez que sentimentos de hostilidade e depressão aumentam a produção de duas substâncias inflamatórias, a interleucina-6 e a proteína C-reativa que comprovadamente faz mal para o coração.

É importante lembrar que somos nós os responsáveis pelos nossos corpos e também por tudo que nele ocorre, os pensamentos negativos tais como a tristeza, a raia, o medo, o ódio, a baixa autoestima, o desvalor próprio, a rejeição dentre outros geram um estado tão grande de desordem emocional que chega a desencadear em nossos cérebros uma série de substâncias que acabam por desestabilizar alguma parte do nosso corpo gerando doenças que são verdadeiramente graves e na maioria das vezes o coração é o mais prejudicado.

Outra enfermidade é a aterosclerose, doença caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura nas artérias, já é conceituada como uma enfermidade inflamatória, isso porque se acredita que a inflamação tenha um papel-chave no desenvolvimento do problema. “Por isso, a circulação de grandes quantidades de substâncias inflamatórias contribui para agravar a doença”, isto foi explicado pelo coordenador de pesquisas Jesse Stewart à revista Isto é.

Um fenômeno que também tem chamado atenção é a ocorrência da chamada síndrome do coração partido que é um problema diretamente relacionado às emoções onde o individuo sem fator de risco tradicional, mas que são submetidos a sentimento negativos por longos anos de suas vidas podem sofrer os mesmos sintomas de um infarto tradicional, como dores intensas no peito mesmo não tendo artéria obstruída por placas de gordura.

O acúmulo de sentimentos negativos chega a uma circunstância tão grave que as dores passam a ser insuportável e acabam por apresentarem um espasmo nas artérias coronárias, as artérias que irrigam o coração, além de ficar com os músculos cardíacos também dilatados.

O que é bom saber é que a ciência também descobriu que tanto quanto fazem mal as emoções negativas as boas emoções também fazem bem, sentir-se apaixonado, alegre, estar totalmente em paz e harmonizado com a vida, perdoar e ser perdoado, manter viva a esperança de dias melhores, podem desencadear uma série de reações em nossos organismos que liberam substâncias como a serotonina e a dopamina, substancias estas que são responsáveis pela melhora das atividades cardíacas e também são reguladoras da pressão arterial.

As boas emoções também atuam no sistema imunológico ajudando nosso corpo a combater infecções e estimulando células naturais que combatem o câncer e afetam a forma com que cuidamos de nós mesmos e dos outros.  Portanto, quanto mais feliz estivermos melhor será para todo nosso organismo.

As emoções são os impulsos que temos para agir ou lidar com todas as situações das nossas vidas, elas sofrem influências das experiências que vivemos no dia a dia e também pela nossa cultura.

Sabemos que existem diversos tipos de emoções e elas são mescladas com a raiva, com o medo, com a ira, com a surpresa, com o nojo, com o amor, com o prazer, com a tristeza, com a vergonha com o susto e com tantos mais e é exatamente neste momento onde as emoções afloram com toda sua energia que podemos tocar na maior de nossas forças, a nossa real capacidade de suportação, onde todo nosso interior explode e incontrolavelmente manifesta-se positiva ou negativamente sem que possamos agir de outra forma.

Saber manter o equilíbrio é de suma importância em todas as idades e quando se trata da melhor idade é ainda mais importante, pois é na idade madura que nossos sentimentos estão mais vulneráveis, algumas das vezes até fragilizados.

Toda emoção desencadeia uma reação física, isto é fato e conseguir manter o bom humor, os bons sentimentos e a afetividade sadia pode fazer toda uma diferença no que diz respeito à qualidade de vida e a saúde daquele que hoje tem um pouco mais de 45 anos.

Os efeitos do bom humor sobre a saúde tanto física como emocional são tão evidentes que uma boa e sincera risada pode ter a mesma importância de uma sessão de ginástica.

Chegar à melhor idade é poder caminhar tranquilamente pela vida sem sobressaltos, é ultrapassar todas as etapas que a vida nos propôs sem interrupção, é ter plantado as melhores sementes e estar colhendo os melhores frutos tendo a consciência de que algumas destas sementes podem não terem germinado, mas que os frutos colhidos servirão de novas sementes para uma provável nova plantação.

A Psicogerontologia nestes casos ajuda o sujeito a dar um novo significado à sua vida, melhorando suas habilidades de lidar com certas situações, tentando, por exemplo, evitar exposições contínuas às emoções negativas, aumentando sua capacidade de percepção quanto a sentir somente o que faz bem para seu coração.

Então, o que é bom é manter controlada as nossas emoções.

Pense nisso.

Gilwanya Ferreira

CRP 04/42417

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