Velho Ranzinza

Cada um dentro de sua subjetividade tem suas manias e modo de viver que às vezes não
são igualmente interpretadas pelo outro.
Isso acontece em qualquer idade, na infância crianças cheias de manias costumam querer que seus pertences não sejam divididos com seus coleguinhas ou mesmo com seus irmãos, na adolescência jovens costumam ser um pouco menos “egoístas” porém adquirem também certos comportamentos que poderemos dizer serem únicos e ao mesmo tempo iguais como ficarem horas e horas “presos” em seus quartos, não quererem a companhia e até terem vergonha de seus pais, sentirem -se inferiores ou superiores aos seus colegas, terem atitudes menos gentis etc., mas tudo isso pode ser passageiro até que o amadurecimento da própria idade chegue.
O adulto um pouco diferente, age com sua “manias”mais levemente, alguns colecionam coisas, outros não gostam disso ou daquilo, mas sempre com a possibilidade de mudança eles conseguem administrar suas vidas e suas formas ou maneira de ser tranquilamente sem afetar o outro.

Já na idade madura as coisas vão se complicando, o idoso já “calcificado” alguns sistemáticos desde a adolescência não conseguem lidar com situações frustrantes ou até mesmo decepcionantes, muitos dão sustentáculos à suas sistemacias a ponto de não mudarem sua forma de pensar e agir de maneira alguma se tornando “velhos” ranzinzas.
Claro que a partir de certa idade algumas rotinas nos servem de proteção e com elas poderemos nos orientar para que a vida se torne mais leve e menos exigente.
Não que seja assim todo tempo, porém é importante resaltar que amadurecer ranzinzamente pode ser algo positivo e ao mesmo tempo negativo, é preciso tomar cuidado para que as atitudes tomadas não interfiram no relacionamento com o próximo e com aqueles que amamos.
Aprendemos desde muito jovem a nos defender dos interperes externos e esta defesa é um dos fatores que alimentam as características do famoso “sistemático”, falamos daquelas crianças que tiveram mães que, por exemplo, privam seus pequenos de não brincarem nas calçadas por ser algo “perigoso”, de não acreditarem no outro por serem todas pessoas falsas, de não aceitarem presentes fora das datas por não poderem retribuir, por não comerem algo oferecido para não correrem “o risco” de não ser algo saudável e assim vão se fazendo aqueles que crescem sistemáticos e até mesmo medrosos.

Muita das vezes não é “culpa” do sujeito em questão e sim da forma em que foi criado, do aprendizado que teve durante os longos anos de sua vida.
A vida é algo dinâmico isso é fato, ela é cheia de altos e baixos, de fatores externos que mudam a cada instante, caótica posso dizer.

Pessoas que entram e saem de suas “manias” como quem troca de roupa, mas também pessoas que estacionam em uma situação e dela não querem mais sair.
Na madurez ter manias pode ser favorável, porém é necessário pensar que no meio em que vivemos, na correria do dia a dia nem sempre aqueles que nos cercam tem tempo suficiente para lidarem com nossas ranzinzices e isso pode ser um fator negativo para a qualidade de vida do sujeito idoso.
Não é nada agradável, por exemplo, ser convidado para um evento, aceitar e minutos antes do acontecimento avisar que não quer mais participar. Às vezes, até por preguiça ou “sisma” o sujeito imagina que não será bom, não quer mais ir, não vai e também não se importa com a programação do outro.
Quando se é maduro consciente de seus atos e atitudes o endurecimento das ideias e dos ideais pode ser desfavorável, conseguir ser mais maleável, improvisar mais as coisas, brincar mais com as situações tornará a vida mais leve e consequentemente mais alegre.
Idosos sisudos, rabugentos e fechados não são pessoas “queridas” e não há nada melhor do que sentar para “prosear” com uma pessoa idosa e dela sacar aprendizado, ideias maduras, experiências de vida e vivências tanto negativas quanto positivas.
Há aqueles que gostam de conversar, que são suficientemente livres para também aprenderem com os mais jovens e que entendem que nesta vida tudo é uma troca, aprendemos com os mais velhos mais também podemos ensinar, ensinamos as novas tecnologias, as novas possibilidades de aproximação da população terrestre, da rapidez das informações dentre outras tantas coisas fazendo com que o mundo se torne um lugar bom de se viver.
Devemos levar em consideração que às vezes interpretamos e julgamos o idoso como ranzinza, mas na realidade não são, eles apenas são pessoas com dificuldade de interpretação ou até mesmo de visão global da vida.

Eles não conseguem por alguma razão entender o que foi dito ou sugerido e tendem naturalmente a negar até mesmo como forma de proteção do desconhecido, porém se houver paciência na forma de expressar uma ideia ao idoso naturalmente vamos nos deparar com uma realidade totalmente diferente, é a “quebra do gelo”, a aceitação daquilo que não se conhece, pode demorar horas, dias ou meses, dependerá única e exclusivamente daquele que com o idoso lida.
Conversar com um idoso teimoso, ranzinza não é algo tão simples assim porque a partir de certa idade é complicado precisar aceitar certas sugestões ou opiniões principalmente para aqueles que nunca acataram ordens e sempre foram pessoas ativas que tomaram decisões tanto para si quanto para os que o cercaram.
A resistência nestes casos é inevitável, porém é sabido que nem tudo é intransponível, basta que tenhamos “jogo de cintura”, carinho e educação para que a interpretação do idoso seja diferenciada e para que ele entenda que resmungar, lamentar geralmente não é uma boa atitude para aquele momento.
Quando a ranzinzice se torna algo calcificado a ponto de prejudicar a saúde e a vida do idoso é necessário tomar algumas providências, cabe a aquele que convive com este sujeito em questão observar com minuciosidade suas atitudes seu comportamento para com aqueles que o cercam, sua forma de expressar no dia a dia, sua sociabilidade dentre outros aspectos para poder ajuda-lo.
O psicólogo especializado em psicogerontologia é o profissional adequado para tais situações, ele dentro das técnicas utilizadas poderá fazer com que o idoso se torne alguém consciente de suas atitudes e que queira por si mudar seu comportamento.
A psicogerontologia é a psicologia especializada para os cuidados do sujeito a partir dos 45 anos e quando empregada na abordagem cognitivo comportamental se torna ainda mais eficaz pois além dos cuidados psicológicos esta abordagem ajudará o sujeito no desenvolvimento cognitivo retardando alguns sintomas naturais em relação ao desgaste neurológico.
É de suma importância entender que dentro da subjetividade de cada um existirá sempre os “dois lados da moeda” ninguém é totalmente livre nem totalmente rabugento durante toda a vida, existirá momentos de essencial  ranzinzice e também momentos que ser livre para novas ideias é interessante.

Se, se ser ranzinza, rabugento naquele momento é a melhor situação por que não aceitar e “deixar passar” até que as “as coisas melhorem”?
Por que implicar com um idoso rabugento se entendermos que ele tem o direito de estar assim por várias razões e que dependendo do momento ele pode mudar e melhorar?
Portanto o que precisamos é entender, conhecer a história e as estórias de cada um para aceitarmos o idoso como ele exatamente é.

O olhar cauteloso daquele que convive com o idoso será importante para analisar a situação que ele se encontra. Perceber se a ranzinzice não está atrapalhando ou prejudicando sua saúde tanto física quanto mental fará toda diferença, pois assim agindo poderemos entender contexto do momento.

É dever daquele que convive com um idoso ranzinza atentar-se aos movimentos diários e quando estes não são compatíveis à sua capacidade de mudança de comportamento é importante buscar um profissional para ajuda-lo e consequentemente melhorar sua qualidade de vida e seu bem viver.

Pense Nisso.
Gilwanya Ferreira

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