Cuidar de nossas mães

Ao se aproximar o dia das mães achei prudente escrever algumas linhas falando do que é para mim o cuidar daquela que nos cuidou.

Pensar sobre o tema foi algo no mínimo curioso, pois não está muito longe o dia em que eu olhei para minha mãe e disse: NOSSA! ELA JÁ TEM 60 ANOS!  E eu hoje eu já tenho 60 e não me sinto “velha”… Como os dias passam,…

E então, chega um dia em que olhamos para nossas mães e ai percebemos que ela envelheceu. Perceber isto não é algo tão simples para um filho porque muitas das vezes exige uma inversão de papeis dos quais não estávamos preparados, então nos perguntamos: “se antes ela nos alimentou, cuidou, agora seremos nós que passaremos a cuidar dela”?

Muita das vezes esta nova situação chega trazendo sentimentos confusos de ansiedade, carinho, medo, pena, raiva, tudo isso misturado, mas isto tudo é normal.

Esta nova etapa da vida tanto para  as mães quanto para os filhos é uma etapa que exige mudança interna e externa. É uma etapa que precisa gerar reorganização, reorientação emocional e cotidiana para chegarmos ao acolhimento e aceitação desta nova posição que ocuparemos.

Todos nós sabemos que é triste ver nossos idosos impossibilitados, incapazes de cuidarem de si próprios, agora, imagine como para eles deve ser ainda mais difícil aceitar estas mudanças. Necessitar de ajuda tanto física quanto emocional é um sinal claro de suas limitações de independência, situação esta que pode acarretar sintomas de irritabilidade, ansiedade, angustia dentre outros.

Então vem novamente a pergunta: O que podemos fazer? Como podemos cuidar de nossas mães quando estas necessitarem de nosso apoio moral, físico, emocional e em alguns casos também financeiro?

Toda família em um momento de suas vidas passa por esta situação, seja ela uma família abastada ou não, os pais envelhecem. Em todas elas estas situações são parecidas o que muda são os hábitos que cada núcleo familiar adquire ao longo dos anos.

Seria importante permitir que filhos pequenos participem de alguma forma no cuidado de seus avós quando estes são feitos por seus pais.  Vivenciando tais atitudes no dia-a-dia estes cuidados  passam a fazer parte do cotidiano desta família e assim não causará nenhum constrangimento quando for necessário que os papeis se invertam em relação à eles.

Se nossa mãe cuidou de nossa avó quando ainda éramos jovens, com toda certeza iremos cuidar de nossas mães com mais naturalidade.

Conversar sobre o tema é uma opções e se preparar para lidar melhor com a situação é o ideal até porque, agindo assim a família pode planejar com antecedência as formas de cuidado que vão necessitar e assim evitar certos transtornos que possam ocorrer.

Colocar todas as dúvidas, medos e limitações em pauta também é importante para que no momento necessário tenhamos opções de ajuda.

Desafios muitas das vezes é algo empolgante, mas em se tratando de cuidados é interessante lembra que o envelhecimento acarreta várias situações em que o próprio idoso não consegue controlar tais como: incapacidades físicas, vulnerabilidade emocional, enfraquecimento da motricidade, perda da visão, audição, descontrole fecal e urinário, dentre outros, e se o filho não tiver condições de suportar, acolher, acalentar e até mesmo no que se refere a higienizar, não é aconselhável desafiar suas próprias capacidades. Delegar poderes nesta hora seria o aconselhável, expor tais dificuldades evita constrangimentos e frustrações tanto por parte do filho quando da mãe em questão.

Vale lembrar que não menos importante é a participação e a opinião da mãe auxiliada, pois, não é porque ela necessita de ajuda que ela deve ser manipulada ou mesmo influenciada para mudar seus hábitos, seu habitat, seus gostos, etc.

Quando ainda conscientes de suas capacidades mentais, perguntar, ouvir, respeitar e aceitar seus pedidos é essencial para que ela se sinta valorizada e amada na situação em que se encontra.

Se existe algum risco iminente o ideal é reunir a família e juntos decidirem em prol desta mãe, mas nunca deixando de atender os seus pedidos quando esta está consciente.

No caso de mães que não mais tenham suas faculdades mentais preservadas este cuidado deve ser também discutido em família e ao tomarem a decisão nunca devem esquecer de que qualquer que seja ela o mais importante é fazer com que esta mãe se sinta cuidada, amada, protegida até o fim.  Seja onde for.

Planejar o futuro neste aspecto não é nada ruim, com antecedência poremos nos precaver de situações em que não estávamos esperando tais como: gastos extras com doença, exames, alguma viagem inesperada, uma possível internação hospitalar, a contratação de um auxiliar etc.

Quando acompanhamos ao longo de nossas vidas o envelhecimento de nossos entes queridos e junto deles planejamos e idealizamos como será o amanhã, tudo se torna mais simples e aceitável, pois teremos sempre a certeza que em qualquer que seja a situação que estivermos sempre estaremos aparados e amados por nossos filhos.

Respeitar, Alimentar, Agasalhar, Cuidar e, sobretudo AMAR.

Pense nisso.

Gilwanya Ferreira

CRP 04/42417

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