De que vale a vida se a morte é tão certeira?

A morte é das incertezas a maior certeza que temos depois que nascemos. Não temos como evita-la, não temos como fugir do momento exato do “apagar de nossas velas” é fato “nascemos com um número exato e pré-determinado de batidas cardíacas”. A morte chega, vem na maioria das vezes sorrateira e com sua “foice” traiçoeira ceifa nossas vidas como se a ela pertencesse.

Sem piedade, sem nada perguntar apenas nos leva de volta a casa do Pai.

Morte, um sagrado mistério da própria vida vivida, que nos acompanha lado a lado dia a dia. Morte, insossa senhora, sábia guerreira que certeira, nos seus alvos ela se deleita no deleite da nossa existência.

Morte, de várias maneiras, o cessar da vida o renascer no alvorecer. Morte, sem sinônimos, com tantas interrogações, nunca teremos plena certeza do que vai ser, quando será ou como será, apenas é.

Falar sobre a morte para muitos é algo constrangedor, ameaçador, o processo do luto muita das vezes é vivido antes mesmo da chegada do fim. Moribundos conscientes que conhecem o momento exato da partida sofrem por não quererem ir e fazem sofrer aqueles que ficam por demonstrarem tamanha dor.

A morte tem várias representações no decorrer de nossas vidas, ela é vista como algo que acontece para idosos e é natural um “sofrimento diferenciado” quando a morte chega para eles.  Para nossa cultura a imagem do jovem, é sempre cheia de vida.

Quando se está saudável a morte parece distante, algo que “não vai acontecer” e quando acontece, a perda muitas das vezes é insuportável, triste e muito difícil de lidar.

Em se tratando de familiares, irmãos, tios, pais, normalmente o sentimento de sucessão avassala, machuca e quando falamos da perda de um companheiro, um cônjuge, estamos falamos de uma dor difícil de superar, uma vida de cumplicidade, uma vida de confidências e de amor, uma vida que a morte arranca de nossas vidas sem nos pedir permissão.

Acreditar na vida e vive-la é o que precisamos. Fazer da morte uma passagem seria o ideal, porém precisaríamos reaprender a viver para morrer e nem sempre isto é possível em nossa cultura.

O idoso vê a morte de forma diferente, ele dentro da experiência de vida consegue absorver melhor a ideia de finitude e entende que se já tem idade avançada e ainda esta entre nós é porque alcançou méritos para tal.

A velhice agora passa ser a expressão de benção divina e, sobretudo de oportunidade para ser feliz e fazer de cada momento, momento de paz e de harmonia entre aqueles que com ele convive.

Não incomum também é encontrar idosos “com medo da morte”, esta situação desperta diversas formas de enfrentamento, idosos que lapidam em seu ser um medo inexplicável do incompreendido, um medo do inesperado, um medo de não ter “cumprido o dever a ele confiado” e não poder estar para morte assim como a morte estará para ele na hora de sua partida. Nestes casos, a ajuda do profissional da psicologia, o psicogerontólogo é de suma importância, pois o idoso necessita da conscientização e a aceitação de sua inexistência.

Os idosos precisam se ver como seres de possibilidades que em constante crescimento precisam aprender desconstruir valores adquiridos e reconstruir novos valores baseados nas suas experiências vividas e vivenciadas.

Precisam aprender a ser um ser aceitável que progrediu em busca de suas próprias dúvidas, que deste mundo pode levar a paz, a amizade, a harmonia e principalmente o amor.

Todo ser que se prepara para estar para a morte é um ser que se submete com dignidade e sabedoria a entender que a morte é a extensão da vida, uma dimensão do viver, que é necessário o convívio com esta realidade que esta realidade encarada com tranquilidade acarretar uma partida sutil, simples e sem necessidades de mecanismos de defesa.

Um ser preparado para estar com a morte é um ser que cria sua própria autodefesa e que encara o momento como um simples acontecimento, sem dor, sem medo.

A morte não necessariamente é o fim de nossas vidas, a morte também pode ser a perda da capacidade de assumir um trabalho, pode estar relacionada ao fim do convívio social de uma pessoa, à perda das capacidades funcionais, dentre outros, portanto o que temos que levar em consideração é que a morte pode ser também um simbolismo do desaparecimento de algo que causava prazer, a morte está inteiramente entrelaçada à vida.

Morte, cultura e religiosidade também caminham lado a lado e as crenças que os homens carregam desde o nascimento podem sustentar este fenômeno com maior compreensão e dignidade.

Pense Nisso.

 

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