Aos 40 anos? 50? 60? Quando mesmo a vida começa?

 

 

Chega um tempo em nossas vidas que a pergunta é crucial, Com que idade começa mesmo a vida?

Por que será que surgiu esta lenda? Será que é mesmo uma lenda?

Acredito que seja mesmo apenas uma lenda até porque, biologicamente falando a vida começa a partir do momento de nossa concepção, do momento mágico em que o óvulo de nossa mãe é fecundado, portanto, a vida começa num relâmpago, num instante que não sabemos de verdade qual é.

E a vida em si?  Quando nossos desejos são sanados por nós mesmos? E nossas opiniões, nossas características pessoais? Quando de fato ela começa?

Sabemos que cada ser humano tem suas características de personalidade desenvolvidas desde dentro do útero materno, é gradual, complexo e único e no desenrolar dos anos de vida sempre estaremos moldando nossa maneira de ser de acordo com a cultura que vivemos e com as características familiares que estamos inseridos.

No que diz respeito à vida autônoma ela começa mesmo quando começamos a ter discernimento e responsabilidade de nossas ações e também consciência de nossos atos.

Então, não, não é aos 40 que ela começa, ela pode começar aos 15, aos 20, aos 35 quiçá aos 45, 50 e sabe-se lá.

Na infância precisamos de nossos pais para nos conduzir, ensinar e exemplificar aquilo que precisamos para nossa própria bagagem de vida.

Na juventude passamos por uma fase de “rebeldia”, onde o mundo todo parece estar errado, somente nossas próprias opiniões estão certas e nossos pais passam de “super – heróis” a “vilões” de nossas histórias.

Quando chegamos à idade adulta, ai sim, começamos viver digamos no mundo real, com responsabilidades, com direitos adquiridos ao longo dos anos, mais também com deveres a serem cumpridos e ai então chega a percepção de que é neste momento que a vida realmente esta começando.

Independentemente da idade o “começo da vida” chega diferentemente para cada um de nós e é visto de acordo com a visão que temos das necessidades desta própria vida.

Para muitos o amadurecimento chega precocemente vindos de vários fatores tais como, a necessidade de ser arrimo de família, pelos estudos, (viver sozinho para estudar), pela morte dos pais dentre outros, porém nunca deixa de chegar.

As responsabilidades, os medos e os anseios nos fazem crescer e entender melhor cada etapa de nossas vidas e quando chegamos aos 40 anos podemos dizer que vivemos uma boa parte de nossa jornada, muitos de nós já formamos nossas famílias, já construímos “nossos ninhos” e agora o que precisamos é nos programarmos para um futuro, um futuro que seja digno e compatível com as necessidades que cada idade apresenta.

Não é de se admirar que muitos queiram “ter a cabeça” de 40 envolta em um corpo de 20 porque é nesta fase que tanto o homem quanto a mulher passa por um período de grandes mudanças tanto físicas quanto emocionais e é nesta mesma época que as dúvidas chegam e muitas das vezes chegam avassaladoras.

Várias dúvidas como, perguntas que surgem tais como, O que ando fazendo da minha vida? Como será minha jornada de agora em diante? Era isso que realmente eu queria para minha vida? E meu corpo, como ficará?

Quando chegamos os 40 anos, nossos corpos nos mostram que a vida esta passando, a beleza já não esta mais esculpida dentro dos “padrões” que a sociedade impõe e as linhas do tempo são mostradas em nossos rostos como quem grita pela vida vivida.

Esta é a idade de mudanças, a idade do renascimento, uma idade em que ainda é possível viver, é possível sonhar, viver a maturidade natural do entardecer da vida, viver muitos sonhos que não puderam ser vividos.

Uma idade sem pré-conceitos, ou preconceitos, uma idade que podemos ver nossos filhos crescerem e se tornarem adultos responsáveis. Uma idade de se cultivar afetos e amores de percebermos que nossas emoções são mais controladas e que somos maduros. Uma idade em que nossos medos podem ser substituídos por realizações e que não precisamos mais esconder nossos sentimentos.

Nada nesta fase da vida importa, não importa mais que nossos corpos não queiram nos apoiar com o frescor da idade, hoje somos experientes, estamos prontos para enfrentarmos a vida de peito aberto, de cara e coragem, de fato como ela é.

Hoje podemos assumir de verdade quem somos e o que nos tornamos com o passar dos anos vividos, podemos ser os “eternos jovens” que buscam sempre “o começar da vida” com a maturidade de toda uma caminhada de experiências vividas, podemos assumir sem medo o que realmente queremos, usar e abusar com responsabilidade da nossa sábia e eterna juventude.

É o momento em que se caracteriza o recomeço, um ciclo se fecha para outro chegar. É como se a própria vida nos alertasse de que é hora de começar um “novo capitulo” no “livro da vida”, de gerar novos ideais, novas conquistas e se surgirem alguns tropeços, com certeza saberemos enfrenta-los com a dignidade suficiente de um adulto preparado pela própria vida.

Portanto, não é aos 40 anos que a vida começa e sim RECOMEÇA, assim como aos 10, aos 15, aos 20, aos 30, cada idade com seu encanto e no seu canto ela nos dará a oportunidade de estarmos sempre recomeçando, nos fazendo programar e reprogramar realizando a cada momento aquilo que idealizamos e o que é preciso em cada idade é sabermos conduzir cada atitude nossa pela melhor “estrada” que a vida nos mostra. É sermos dignos o suficiente para conseguirmos realizar nossos sonhos e sermos éticos a ponto de não ultrapassarmos as barreiras da própria existência. Fazermos dos desassossegos da vida um aprendizado para novos recomeços, recomeços estes que vão surgir aos 50, 60, 70, e quem sabe 80, 90, cada um deles com suas magias com suas dúvidas mais também com suas conquistas e vitorias garantidas.

Rir para a vida e da vida, andar adiante com passos firmes e seguros. Acreditar e Confiar.

Pense Nisso.

Gilwanya Ferreira

Psicóloga Clínica

Psicogerontóloga

Capacitada em Sexologia Clínica.

 

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