O Despertar da homossexualidade na maturidade

Falar sobre a homossexualidade é tema constrangedor para muitos e falar da homossexualidade na terceira idade pode ser ainda mais complicado.

É extremamente importante termos consciência de que homossexualidade na terceira idade é real, existe e está se manifestando cada dia mais.   Homossexuais idosos hoje foram jovens que viveram na década de 50/60 ou até 40/50 onde a repressão era total e intolerante, e a discriminação objetiva.

Homens e mulheres que “descobriam” sua opção sexual “diferente” da normalidade imposta pela cultura que viviam eram considerados como aberrações da natureza, e normalmente eram “enxotados” do convívio familiar e social, passando assim a viverem a margem de uma sociedade racista e preconceituosa.

A reação mais comum naquela época era “trancar-se no armário” acostumar a não manifestar seus desejos, pois a homossexualidade além de aberração também era considerada um crime e até mesmo um distúrbio mental o que fazia com que eles amedrontados passassem a viver na invisibilidade ou mesmo casar-se com pessoas de sexo oposto para não “quebrarem as regras” sociais.

Sabemos que os vínculos de amizades entre pessoas do mesmo sexo não é algo da atualidade, amizades assim já eram comuns em outras décadas, o que difere dos dias atuais é que esta socialização hoje acontece em todos os espaços urbanos e não apenas em “locais apropriados” para tais encontros o que vai facilitar em muito a ideia de “comum”.

Ninguém escolhe ser homossexual e a sexualidade não deveria ser um medidor que medi o que a pessoa pode ou não fazer por outra pessoa ou por si própria e baseando nesta teoria posso afirmar que as mudanças que estamos vivendo nos dias atuais fazem com que as pessoas vivam suas individualidades livremente, sem preconceitos e sem amarras, sem serem estigmatizadas pela sociedade em que vivem, por seus familiares e até mesmo pelo próprio mundo gay.

Muitas dificuldades foram vividas e muitos sofrimentos foram enfrentados em nome “do amor”, simplesmente pelo direito de amar independente do gênero sexual do ser amado.

Esconder a sexualidade nos dias atuais já não faz mais sentido, homossexuais maduros são pessoas que enfrentaram várias situações constrangedoras durante longos anos de suas vidas e hoje podem assumir suas condições porque são pessoas como qualquer outra, são pessoas cultas, que mantém uma independência financeira, alguns moram sozinhos e querem ser felizes e realizados, querem dar risadas, praticarem esportes, terem os mesmos direitos de estarem acompanhados pelos seus parceiros ou afins sem necessidade de se esconderem como se fossem pessoas criminosas ou loucas.

Os tempos mudaram, e é muito complicado precisar ocultar uma vida quando esta vida já é percebida pelas transformações impostas pela própria idade e quando esta mesma vida também apela pelo amor, um amor tão puro quanto o amor de sexos opostos.

Homossexuais sessentões normalmente são pessoas que prezam por uma qualidade de vida mesmo dentro das limitações ainda impostas pela sociedade. Eles sabem que uma vida saudável proporcionará equilíbrio e bem estar físico, mental, emocional e psicológico e que a saúde é o principal fator, pois caso lhes ocorra algo eles vão enfrentar dificuldades e por esta razão vão sempre ao medico, procuram ajuda psicológica e  fazem exames periódicos para que possam  manter  o padrão desejável de saúde e bem estar.

O Brasil ainda “engatinha” no que diz respeito à LGBT e são claras as diferenças regionais em todo pais o que não garante em nada a este grupo de pessoas uma velhice digna e sem complicações.

Estudos apontam que na maturidade e na velhice o homossexual apresenta melhor qualidade de vida social do que sujeitos heterossexuais da mesma idade e isso é explicado devido às mudanças sociais ocorridas nos últimos anos.

Um fato interessante são os movimentos das Paradas Gays, elas chegaram para contribuir para a boa aceitação da orientação homossexual entre a população idosa dando mais liberdade de expressão e de atitude para esta população que até então estava “escondida” atrás de padrões sociais.

Atualmente os homossexuais da terceira idade revelam uma boa frequência no convívio com seus familiares e com pessoas da mesma idade, eles querem fazer novas amizades, ter ou manter um relacionamento, pois com o passar dos anos eles aprenderam como lidar com todas as situações que os feriram no passado e hoje não querem mais, querem sim é manter um bom nível de integração social para que tenham juntos uma qualidade de vida e um bem viver diferenciado dos tempos atrás.

As mudanças são lentas, mas são reais, a cada dia se alcança mais um patamar para a conscientização da população em relação ao preconceito e a homofobia.

As transformações sociais são significativas e os homossexuais da atualidade enfrentam menos preconceito e hoje a homossexualidade já não é mais vista como aberração, os estudos podem confirmar que não são. A homossexualidade é discutida nas rádios e em programas de televisão naturalmente como assuntos ênfase o que gera “conforto” para toda classe LGBT incluindo os idosos.

Ser homossexual nos dias de hoje não é mais tão doloroso quanto era no passado, quem viveu “naquela época” afirma que “tudo esta mudado” e que jamais poderiam imaginar que esta liberdade existiria e que eles ainda pudessem usufruir com tanta tranquilidade.

Portanto vamos entender e apoiar estes sujeitos, pois na vida de cada um tem “uma historia a ser lida” e não cabe a nós julgarmos qual delas é a melhor e sim, quem com elas fez o melhor.

Pense Nisso.

Gilwanya Ferreira

Psicóloga Clínica

Psicogerontóloga

Capacitada em Sexologia Clínica.

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